Psicologia no Hospital, Intervenção Psicológica em crianças hospitalizadas, medos e Fantasias, e o brincar no contexto hospitalar.
1. RESUMO
2. INTRODUÇÃO
2.2 Intervenção Psicológica no Hospital Geral.
3. JUSTIFICATIVA
4. OBJETIVOS
5. MÉTODO
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
8. REFERÊNCIAS
1. RESUMO
O
desafio da psicologia hospitalar é minimizar o sofrimento provocado
pela hospitalização, pela doença e sua consequente
desestabilização emocional, tanto do paciente como de seus
familiares. Quando se trata de uma criança o desafio é ainda maior,
pois diferente do adulto, o impacto da internação no hospital é
mais intenso, uma vez que as crianças têm dificuldades para
assimilar esta situação, apresentando medo, angústia ou ansiedade,
coloridos por fantasias muitas vezes causadas pela falta de
informação adequada. Dessa forma, o objetivo desse trabalho é
realizar uma Revisão Bibliográfica da literatura nacional nas bases
de dados Index Psi, Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e
Google Acadêmico dos últimos quinze anos, utilizando as seguintes
palavras-chave: psicologia + hospital geral; intervenção
psicológica + hospital geral; crianças + ambiente hospitalar;
brincar + contexto hospitalar; o brincar + contexto hospitalar +
medos + fantasias + medo morte. A metodologia utilizada para a
elaboração desse estudo foi a pesquisa bibliográfica, destacando a
identificação dos medos e fantasias que as crianças enfrentam
durante a hospitalização e as implicações destes no processo de
cura. Acredita-se que a caracterização de tais medos poderá
auxiliar a atuação da equipe multidisciplinar dos hospitais e a
compreensão dos familiares da criança enferma que vivenciam o
processo de hospitalização. Uma das maneiras que os autores
preconizam como alternativa de enfrentamento às situações de crise
é o brincar no contexto hospitalar. O que auxilia no aspecto
emocional, no restabelecimento físico e no enfrentamento do âmbito
hospitalar, tornando-o menos traumatizante.
Palavras-chave: Crianças,
hospital, medos, fantasias, adoecimento.
2. INTRODUÇÃO
A
psicologia hospitalar é uma ciência nova, com menos de duas
décadas, que vem construindo sua história e conquistando seu espaço
nos hospitais gerais do mundo todo. “A Psicologia é uma das mais
antigas disciplinas acadêmicas, ao mesmo tempo em que é também uma
das mais novas”. (SCHULTZ E SCHULTZ, 1981 apud. MOSIMANN &
LUSTOSA, 2011, p. 202). A escuta terapêutica, mais conhecida na
forma da atuação clínica, agora para os hospitais gerais, vem
acolhendo pacientes, familiares de pacientes enfermo e até mesmo a
equipe multidisciplinar de saúde. Este trabalho tem propósito de
reunir assuntos atuais onde mostrará a importância do psicólogo
junto as instituições de saúde com foco em crianças
hospitalizadas, identificando medos e fantasias.
definição
do psicólogo hospitalar de acordo com a definição do órgão que
rege o exercício profissional do psicólogo no Brasil, o CFP
(2003, apud. CASTRO
& BORNHOLDT, 2004, p. 50):
O
psicólogo especialista em Psicologia Hospitalar tem sua função
centrada nos âmbitos secundário e terciário de atenção à saúde,
atuando em instituições de saúde e realizando atividades como:
atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; grupos de
psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatório e unidade de terapia
intensiva; pronto atendimento; enfermarias em geral; psicomotricidade
no contexto hospitalar; avaliação diagnóstica; psicodiagnóstico;
consultoria e inter-consultoria.
No
Brasil, os psicólogos hospitalares tem seu trabalho reconhecido pelo
Conselho Federal de Psicologia (2010), onde o termo tem sido
utilizado para associar o trabalho que os psicólogos da saúde
realizam dentro das instituições. “A Associação Americana de
Psicologia (APA, 2010 apud. ALMEIDA
et al, 2011) demarca o trabalho do psicólogo em hospitais como um
dos possíveis locais de atuação do psicólogo da saúde”.
(ALMEIDA et al, 2011, p. 191)
E
a definição para a Psicologia da Saúde, “tem como objetivo
compreender como os fatores biológicos, comportamentais e sociais
influenciam na saúde e na doença”. (APA, 2003 apud. CASTRO
& BORNHOLDT, 2004, p.49):
Na
pesquisa contemporânea e no ambiente médico, os psicólogos da
saúde trabalham com diferentes profissionais sanitários, realizando
pesquisas e promovendo a intervenção clínica. Complementar a essa
definição, o Colégio Oficial de Psicólogos da Espanha (COP, 2003)
conceitua a Psicologia da Saúde como a disciplina ou o campo de
especialização da Psicologia que aplica seus princípios, técnicas
e conhecimentos científicos para avaliar, diagnosticar, tratar,
modificar e prevenir os problemas físicos, mentais ou qualquer outro
relevante para os processos de saúde e doença. Esse trabalho pode
ser realizado em distintos e variados contextos, como: hospitais,
centros de saúde comunitários, organizações não-governamentais e
nas próprias casas dos indivíduos. A Psicologia da Saúde também
poderia ser compreendida como a aplicação da Psicologia Clínica no
âmbito médico.
Psicologia
da Saúde busca compreender e entender o papel do Psicólogo na
manutenção da saúde. O foco do psicólogo da saúde é realizar
intervenções com o objetivo de prevenir doenças e auxiliar no
manejo ou no enfrentamento das mesmas, além de desenvolver pesquisas
para auxiliar em trabalhos posteriores que contribuam para essa área
especifica da psicologia.
lmeida
(et al, 2015, p. 756) “A maioria dos psicólogos da saúde trabalha
em hospitais, clínicas e departamentos acadêmicos de faculdades e
universidades”. O psicólogo na atuação dentro da clínica, pode
fornecer atendimento a pacientes enfermos e dentro desses
atendimentos o profissional de Psicologia faz uso de “métodos
psicológicos para ajudá-los a manejar ou gerir os problemas de
saúde, como aprender a controlar as condições de dor”.
(SERAFINO, 2004 apud. LMEIDA
et al, 2015, p. 756). Nas intervenções dentro das instituições
hospitalares, a atuação do profissional deve abranger não só o
paciente, como a família do mesmo e os profissionais da equipe
interdisciplinar de saúde. lmeida
(2015) cita diversos autores que relatam a importância do trabalho
do psicólogo junto à família do enfermo e a importância, de
estabelecer o vínculo entre a família e equipe técnica e a
importância da comunicação.
Romano,
(ANGERAMI-CAMON, TRUCHARTE, KNIJNIK & SEBASTIANI,
2006 apud. LMEIDA
et al, 2011, p. 198)
A
família, igualmente angustiada e sofrida, que se sente impotente
para ajudar seu familiar e que também se assusta com o espectro da
morte, também precisa da atenção do psicólogo e deve ser
envolvida no trabalho com o paciente por ser uma das raras motivações
que este tem para enfrentar o sofrimento. O psicólogo deve
facilitar, criar e garantir a comunicação efetiva e afetiva entre
paciente/família e equipe, identificando qual membro da família tem
mais condições intelectuais e emotivas para estar recebendo as
informações da equipe.
Já
Teixeira (2004, apud. ALMEIDA
et al, 2011, p. 191) afirma que o psicólogo da saúde em uma unidade
hospitalar, pode prestar assistência no ambulatório clínico, na de
Unidade de Terapia Intensiva/UTI e Centro de Terapia Intensiva/CTI
que são as unidades de emergência ou pronto-socorro, unidades de
internação ou enfermarias.
2.1. A
Psicologia no Hospital Geral
Psicologia
Hospitalar é uma extensão da atuação da psicologia, depois da
atuação nas clinicas, a psicologia dentro do contexto hospitalar
tem ganhando força. A noção de que urgência de vida e morte se
contrapõem às noções de produtividade e resultados marcaram
discursos resistentes à apropriação e uso de métodos de gestão
(SILVEIRA, 2010 apud. FERRARI
& et al, 2013, p. 61).
Psicologia
é uma ciência nova, no Brasil, alguns conceitos psicológicos
apareceram no “período colonial” ainda que a psicologia tenha se
tornado uma ciência entre os séculos XIX-XX, juntamente com os
campos educacional e médico. Este período se tornou conhecido como
período áureo dos laboratórios de psicologia experimental, em
hospitais ou em escolas de formação de professoras. (MESQUITA et
al, 2013).
Mesquita
et al (2013) afirmam que ao se falar sobre a história da psicologia
hospitalar, se faz necessário citar nomes de profissionais que
marcaram a história da psicologia hospitalar no Brasil: “Falar de
Mathilde Neder e Belkiss Romano Lamosa, sem demérito a tantos
profissionais que arduamente militam na área, é evocar os rumos da
Psicologia Hospitalar.” (CAMON, 2009, p. 3 apud. MESQUITA
et al, 2013, p. 90). Por se tratar da relação que ambas tiveram com
o pioneirismo e expansionismo das atividades da referida área da
Psicologia
Camon
(2009 apud. MESQUITA
et al, 2013) aponta algumas datas referentes a atuação da
psicologia dentro do contexto hospitalar e que influenciaram técnicas
que se apresentam nos dias atuais. Foram essas, algumas datas que
marcaram a história, início e evolução:
No
ano de 1954, Neder, atuando na Clínica Ortopédica e Traumatológica
do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo), deu
início à psicologia hospitalar no Brasil. Neder foi convidada para
preparar psicologicamente os pacientes que se submeteriam a cirurgias
de coluna, assim como a recuperação pós-cirúrgica. A autora
utilizou a Psicoterapia Breve, uma técnica que visava agilidade
nesses atendimentos no sentido de adequá-los à realidade
institucional. Já em 1957, Mathilde Neder ao se transferir para o
Instituto Nacional de Reabilitação da USP, melhorou o
dimensionamento das atividades antes realizadas. (MESQUITA et al,
2013).
Segundo
Gorayebe (2001), a década de 1960 foi uma data de marco histórica,
pois foi quando os primeiros psicólogos começaram a atuar em
instituições hospitalares, com base na atuação clínica e
trabalhando muitas vezes como auxiliar dos psiquiatras, sem
participar ativamente do atendimento ao paciente.
Prosseguindo
com algumas datas importante para a história da Psicologia dentro
das Instituições de Saúde, Rocha (2004 apud. MESQUITA
et al, 2013) cita alguns dados históricos que relatam atuações dos
primeiros psicólogos em hospitais, como em 1974, é criado o Serviço
de Psicologia da Divisão de Reabilitação Profissional do Hospital
das Clínicas sob a direção de Neder, e, sob a direção de Belkiss
Lamosa, o Serviço de Psicologia do Instituto do Coração. Em 1977
acontece a implantação do Serviço de Psicologia do Instituto do
Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP,
onde Lamosa iniciou um trabalho aberto à população em geral.
inda
segundo Rocha (2004 apud. MESQUITA
et al, 2013), em 1979, surge em Brasília, com Regina D’Aquino, no
Instituto Transpessoal, um trabalho com a família e a equipe médica
junto ao paciente terminal. Nesse mesmo ano, Wilma Torres inicia o
Programa de Estudos e Pesquisas em Tanatologia no Instituto Superior
de Estudos e Pesquisas da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de
Janeiro. Em 1981, o Instituto Sedes Sapientiae de São Paulo oferece
aos alunos graduados em Psicologia, o curso de Especialização em
Psicologia Hospitalar, sob a responsabilidade de Angerami-Camon.
Nessas
datas importantes, pode-se perceber o avanço da Psicologia
Hospitalar no Brasil e que segundo Sebastiani (2005 apud. MESQUITA
et al, 2013, p. 91).
Pesquisas
apontam o Brasil como o precursor mundial da Psicologia Hospitalar,
uma nova especialidade que utiliza os conhecimentos da Psicologia
para aplicá-los nos processos doença-internação-tratamento, os
quais relacionam: paciente-família-equipe de saúde e utiliza
teorias e técnicas especificas para a atenção às pessoas
hospitalizadas com demandas psicológicas ligadas a tais processos,
como também as reações que podem agravar o problema do paciente ou
dificultar o processo de recuperação.
Fazer
Psicologia no ambiente hospitalar é ser cauteloso com vidas humanas,
ficar atento e observar tudo que envolve o paciente, e não menos
importante, seus direitos, suas representações, medos e fantasias.
É ainda ter como foco o acompanhamento psicológico e os processos
psíquicos que surgem durante a experiência de internação. É
minimizar o sofrimento do paciente, ajudando-o a lidar com a
patologia e suas emoções, assim como ajudar os familiares do
sujeito nesse processo, e não menos importante, auxiliar a equipe
técnica.
2.2. Intervenção
Psicológica no Hospital Geral.
Nos
dias atuais, a psicologia é mais conhecida nas áreas clínicas,
porém tem se destacado em diversas áreas do mercado, inclusive na
hospitalar. Com um pouco mais de meio século, a psicologia entrou em
instituições hospitalares, embora pouco se conhecesse sobre essa
ciência na época, a psicologia não deixou de fazer sua história e
com o tempo foi estabelecendo suas atividades, assim os psicólogos
foram trilhando seus caminhos dentro dos hospitais (FOSSI &
GUARESCHI, 2004). Com o tempo, as intervenções psicológicas se
modificaram e hoje o paciente hospitalizado não é percebido como
sendo semelhante ao de consultório, ou seja, a técnica usada em
ambas as áreas são diferentes, visto que o paciente enfermo não
procurou por ajuda espontaneamente e pode não apresentar quadros de
psicopatologia.
A
Psicologia Hospitalar não pertence unicamente à área clínica, ela
abrange áreas como educacional, organizacional e social,
utilizando-se de recursos técnicos, metodológicos e teóricos de
diversos saberes psicológicos. (FOSSI & GUARESCHI, 2004)
A
atuação do psicólogo dentro do contexto hospitalar, tem se
mostrado eficaz, não só na questão da saúde do paciente, mas na
atenção que é dispensada à família e à equipe de saúde. O
psicólogo pode propor atividades curativas e de prevenção,
diminuindo o sofrimento que a hospitalização e a doença causam ao
sujeito enfermo (FOSSI & GUARESCHI, 2004). A importância da
atuação do psicólogo junto à equipe de saúde é de extrema
importância, pois a saúde mental desses profissionais é tão
importante quanto a do paciente hospitalizado. Visa diretamente o bem
estar do profissional de saúde já que o mesmo tem de lidar com
patologias no seu dia-a-dia, e de certa forma, lidar com o sofrimento
psíquico desses indivíduos internados, estar preparado
psiquicamente para isso, o que garante que o trabalho seja feito com
atenção, praticidade e foco.
Segundo
Fossi e Guareschi (2004) as equipes médicas, e demais funcionários
do hospital, relatam que, em alguns casos, somente a ajuda médica
não basta para o tratamento ser bem sucedido: No trecho em destaque,
pode se observar a importância do trabalho da psicologia na equipe
interdisciplinar dentro do contexto hospitalar:
O
ser humano é muito mais que um corpo físico, e assim, o atendimento
integral à saúde é indiscutível. Portanto, a integração da
equipe de saúde é imprescindível para que o atendimento e o
cuidado alcance a amplitude do ser humano, considerando as diversas
necessidades do paciente e assim, transcendendo a noção de conceito
de saúde, de que a ausência de enfermidade significa ser
saudável. (FOSSI & GUARESCHI, 2004, p. 31)
A
boa relação da equipe técnica é de extrema importância, pois em
alguns casos “somente a ajuda médica não basta para o tratamento
ser bem sucedido: o ser humano é muito mais que um corpo físico, e
assim, o atendimento integral à saúde é indiscutível”. (FOSSI &
GUARESCHI, 2004, p. 31). Portanto, deve-se considerar as necessidades
do paciente, entendendo o conceito de saúde: “completo bem estar
biopsicossocial”, para isso, é indispensável uma boa comunicação
com a equipe técnica para que o atendimento e o cuidado alcancem o
resultado esperado. No trecho em destaque, pode-se observar um pouco
mais sobre a importância da comunicação da equipe técnica dentro
do âmbito hospitalar:
Dessa
forma, o trabalho em equipe mostra-se fundamental para o atendimento
hospitalar, na medida em que médicos, enfermeiros, psicólogos,
nutricionistas, assistentes sociais e os demais profissionais
envolvidos nesse atendimento estabeleçam uma integração, para que
a pessoa seja tomada como um todo, para que ela possa ter um
atendimento humanizado, contemplando assim, outras necessidades dos
usuários. (FOSSI & GUARESCHI, 2004, p. 31).
Santos
(2012) cita algumas funções do psicólogo hospitalar e suas tarefas
básicas. Essas seriam: funções de coordenação, função de
auxilio, função de interconsulta, função de enlace, assistência
direta e função de gestão. Essas tarefas básicas tem como
objetivo primeiro estar conectado diretamente com os funcionários da
instituição, intervindo na qualidade do processo da adaptação do
paciente internado, ajudando os profissionais da saúde a lidarem com
o paciente e promovendo segurança e tranquilidade no trabalho
executado.
Ainda
sobre o mesmo autor, o psicólogo hospitalar deve estar atento às
reações manifestadas pelo paciente frente ao diagnostico recebido
de sua doença, trabalhando, principalmente, a vida psíquica e a
vida social. Sendo assim, o foco principal do psicólogo hospitalar é
atuar diretamente no “pensar positivo” em relação às
consequências que a descoberta da patologia pode trazer ao indivíduo
e à família do mesmo.
Gorayeb
(2011, p. 277) relata sobre a importância do profissional da saúde
junto a pacientes em qualquer área do hospital, onde destaca a
importância do “adequado relacionamento dos profissionais com o
paciente”.
Primeiramente,
a importância de uma boa intervenção no contexto hospitalar é
essencial, pois não envolve apenas o emocional do paciente enfermo,
e mas também de familiares e da equipe técnica multidisciplinar.
Sendo assim, o psicólogo precisa estar sempre atento às técnicas
utilizadas e trabalhar corretamente, focando na saúde e bem estar
emocional desses indivíduos.
Vieira
(2012, p. 5):
A
psicologia no contexto hospitalar atua para a melhor integração, e
compreensão das diferentes práticas teóricas, minimiza os espaços
entre as diversidades dos saberes, e lapida o cuidado à saúde e à
prevenção de doenças. Assim é possível estabelecer as condições
adequadas de atendimento aos pacientes, familiares e melhor
desempenho das equipes de saúde no hospital.
finalizar,
Gorayeb (2011, p. 277), relata sobre a importância da atuação
adequada em todas as áreas que o psicólogo possa atuar, inclusive a
hospitalar, buscando manter-se atualizado. “Para construir uma
profissão de respeito junto aos outros profissionais e aos próprios
pacientes precisamos, enquanto classe profissional, solucionar
problemas, criar modelos, produzir melhorias de qualidade de vida”.
2.3. Crianças
no Ambiente Hospitalar
No
desenvolvimento deste sub-item encontra-se como objetivo, apresentar
os principais desafios que a criança hospitalizada enfrenta, assim
como outros aspectos decorrentes do contexto hospitalar. Portanto, no
primeiro momento, se faz necessária a compreensão do conceito
criança, pois assim, tornará mais claro o entendimento do mesmo.
O
que é ser criança? A palavra criança tem um significado forte, no
sentido ingênuo, doce e delicado, uma fase marcante na vida das
pessoas, uma fase onde a busca do conhecimento e aventura está
sempre presente. Mas, o que aconteceria se uma criança ficasse
doente? Uma criança fica doente? Não se imagina que uma criança
possa ter patologias até se deparar com essa realidade. A
hospitalização na infância é algo difícil de se assimilar, mesmo
para a equipe de saúde e familiares, até mesmo para a criança,
tendo em vista que esta fase congrega expectativas de bem-estar,
alegria, exploração e liberdade. (ALTAMIRA, 2010 apud. MESQUITA
et al, 2013)
Segundo
o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) criado em 13 de julho
de 1990, “é de referência mundial como legislação destinada a
proteger a juventude”. Estas leis foram criadas para proteção
integral desses indivíduos e foi aprovada pela Assembleia Geral da
ONU em 20 de novembro de 1989. (ECA, 1990)
Nos
termos do Artigo 2° da Lei 8.069/90, no capítulo I, diz que
“Considera-se criança, para os efeitos desta lei, a pessoa até
doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e
dezoito anos de idade”. (ECA, 1990)
Quando
se fala na atuação do psicólogo dentro do ambiente hospitalar,
deve-se considerar aspectos como cautela, capacidade de observação
e qualificação do profissional, pois com o paciente hospitalizado
encontra-se também a família do mesmo e com isso, anseios, medos e
perguntas surgirão por tanto, o psicólogo precisa estar preparado
para os procedimentos voltados ao público. Características
necessárias principalmente junto ao público infantil, já que a
criança encontra-se em ambiente diferente o que pode gerar muitas
perguntas e reações frente ao contexto hospitalar, dificultando o
trabalho da equipe multidisciplinar técnica e até mesmo do
psicólogo hospitalar e dificultando o processo de recuperação da
patologia apresentada.
criança
parte de uma fase de exploração do mundo, onde tudo é novo e
motivo de alegria, e, de repente, se depara com a hospitalização,
onde passa por diversos desafios, que até então eram desconhecidos
por ela, podendo estes influenciar diretamente no seu desenvolvimento
e até no tratamento da patologia. Para uma criança lidar
emocionalmente com o contexto hospitalar, é questionar algo novo e
desconhecido pois se encontra longe do seu “ambiente lar”, dos
pais, dos objetos de estimação, enfrentando uma tensão emocional
forte e desconhecida. Surge então o medo de ser abandonada, o medo
de morrer, o contato com o ambiente hostil do hospital e inúmeras
outras experiências, que não sendo bem direcionadas, repercutirão
de forma negativa na sua experiência de hospitalização. (ALTAMIRA,
2010 apud. MESQUITA
et al, 2013).
Mesquita
et al (2013) no procedimento com criança o psicólogo precisa ser
concreto, porém é necessário que haja um prévio conhecimento de
como essa criança elabora os acontecimentos nesse novo ambiente que
é o hospital. Evitando desta forma fatores que desencadeiem reações
negativas, como por exemplo, a prolongação da internação pela não
aceitação do tratamento estabelecido, em que paciente e a própria
família do mesmo acaba atribuindo um valor simbólico não previsto
pela equipe médica.
que
esses imprevistos não aconteçam, Mota et al (2006, p.
328 apud. MESQUITA
et al, 2013) afirmam que o Psicólogo Hospitalar, tende de lidar com
os sentimentos “pois o indivíduo, ao sair do contexto familiar,
passa a assumir a condição de paciente, perdendo sua autonomia e
independência”.
Mesquita
et al (2013) refere-se aos atendimentos psicológicos com crianças,
dentro do contexto hospitalar, com o objetivo principal de “promoção
do bem estar biopsicossocial”. Atualmente tal termo foi ampliado
para: “biopsicossocioespirituambiental”, tanto dos pacientes,
quanto para os familiares dos mesmo, e para isso deve-se trabalhar de
forma integrada com os demais profissionais de saúde, num enfoque
interdisciplinar.
atuação
junto à hospitalização infantil, tem como objetivo minimizar o
sofrimento das crianças, dentro do contexto hospitalar, oferecendo
um ambiente menos hostil, “independentemente do tempo e da doença
que as levaram à internação”. (ALTAMIRA, 2010 apud. MESQUITA
et al, 2013, p. 94)
criança
se encontra desenvolvendo-se seu repertorio de experiências e se
deparando com a situação da “hospitalização” encontra-se
incapaz de realizar tarefas que antes eram fáceis e divertidas. Por
isso, o paciente, em especial a criança, precisa de apoio para
enfrentar possíveis efeitos negativos relacionados à eventos
traumáticos, ao sentimento de insegurança, medo intenso, a falta de
ajuda e da ansiedade decorrentes da hospitalização e todos esses
sentimentos, muitas vezes, a criança não consegue entende-lo, por
nunca ter vivenciados tais momentos.
Quando
a internalização está voltada a criança, a presença dos
familiares, inclusive dos pais, é importante para a criança, não
só para seu bem-estar mas para sua saúde ter um processo de cura
mais rápido. No Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8069/90,
no capítulo I, Artigo 12, diz que se "garante o direito de
acompanhamento familiar em tempo integral à criança /adolescente
internado". (ECA, 1990).
Esta
lei teve início graças a campanha “Mãe Participante” divulgada
pela Sociedade de Pediatria de São Paulo, em 1988, que segundo Lima
(2004 apud. ALTAMIRA,
2010) “O programa conseguiu comprovar que a presença da mãe
diminuía a mortalidade e também a estadia da criança no hospital”.
Segundo
Chiatone (2003 apud. Altamira,
2010, p. 10):
As
crianças privadas dos cuidados maternos sofrerão fracassos no
desenvolvimento de sua personalidade na medida em que é a mãe, nos
primeiros anos de vida, quem lhes proporcionará os dados essenciais
para esse desenvolvimento. A privação materna durante a
hospitalização traz à criança muita angústia, uma exagerada
necessidade de amor, sentimento de vingança e, consequentemente,
culpa e depressão. Todas as crianças estão sujeitas aos efeitos
físicos, intelectuais, emocionais e sociais da privação materna,
sendo esses já bem discerníveis desde as primeiras semanas de vida.
Visto
isso, pode-se perceber que a o hospitalização não é um ambiente
comum para crianças, por isso, precisa de todo um processo de
adaptação, fazendo com que enfrentam adequadamente esses meio
negativos, para que o processo medico tenham bons resultados,
portanto, os psicólogos tem que estar sempre atentos aos cuidados, e
principalmente e não mais importante, aos cuidados recebidos dentro
dos hospitais, uma vez que tratado os pacientes de forma invasiva e
abusiva, podem prejudicar qualquer tratamento e até traumatizar
esses pacientes, em especiais, as crianças. “A forma como alguns
procedimentos são realizados destacam ainda mais essa invasão e
abuso dentro do contexto hospitalar, pois tudo é visto dessa forma
pelo paciente devido à necessidade de aceitação que tem da
condição em que se encontra”. (CAMON, 2006 apud. ALTAMIRA,
2010, p.9)
Dentro
do contexto hospitalar, o psicólogo tende a desenvolver técnicas de
atendimento, com o objetivo de trazer a criança para o tratamento de
uma forma lúdica, para isso brinquedotecas, desenhos, livros entre
outros meios, são recursos tranquilizantes que não apenas minimizam
o sofrimento, mas que ajudam no processo de recuperação da doença.
Não
pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
3. JUSTIFICATIVA
3.1. JUSTIFICATIVA
PESSOAL
Este
tema despertou curiosidade na pesquisadora ao iniciar estagio em 2012
em uma escola municipal de ensino básico em São Joao da Boa Vista,
ao qual a pesquisadora teve contado com crianças de 6 à 11 anos de
idade, sendo intensificado posteriormente por conta de uma disciplina
do curso e de um estágio realizado em um hospital público.
3.2. JUSTIFICATIVA
SOCIAL
Este
estudo possui relevância social considerando o número de
atendimentos infantis realizados em Hospitais Gerais. Para comprovar
tal afirmativa, foram coletados dados referentes ao número de
internação infantil realizado no ano de 2016, até o dia 26 de
outubro, em um Hospital Geral da região. Os quadros apresentados a
seguir, justifica a necessidade da temática apresentada.
Quadro
1 – O
quadro abaixo apresenta o número de internação de crianças de
ambos os sexos, no ano de 2016 relacionados à idade:
DESCRIÇÃO
POR IDADE
|
NUMERO
DE INTERNAÇÃO
|
0-0
anos
|
132
|
1-1
anos
|
37
|
2-2
anos
|
33
|
3-3
anos
|
28
|
4-4
anos
|
23
|
5-5
anos
|
19
|
6-6
anos
|
15
|
7-7
anos
|
26
|
8-8
anos
|
16
|
9-9
anos
|
13
|
10-10
anos
|
11
|
11-11
anos
|
23
|
12-12
anos
|
15
|
TOTAL
|
391
|
Quadro
2 – O
quadro abaixo apresenta dados de crianças hospitalizadas no ano de
2016, categorizada por sexo e independente de idade:
DESCRIÇÃO
|
NÚMERO
DE INTERNAÇÃO
|
Feminino
|
165
|
Masculino
|
226
|
TOTAL
|
391
|
Quadro
3 – O
quadro abaixo apresenta dados de crianças hospitalizadas no ano de
2016 por categoria de convênio:
DESCRIÇÃO
|
NÚMERO
DE INTERNAÇÃO
|
Convenio
|
156
|
Particular
|
1
|
SUS
|
234
|
TOTAL
|
391
|
3.3. JUSTIFICATIVA
ACADÊMICA
Este
estudo possui relevância cientifica, pelo fato de reunir artigos e
pesquisas recentes sobre o tema proposto, fornecendo subsídios para
futuras pesquisas na área.
4. OBJETIVOS
4.1. OBJETIVO
GERAL
Realizar
uma Revisão Bibliográfica em publicações dos últimos quinze
anos, a fim de identificar artigos sobre medo e fantasias de crianças
hospitalizadas nas seguintes bases de dados: Index Psi, Scientific
Eletronic Library Online (SCIELO) e Google Acadêmico
4.2. OBJETIVOS
ESPECIFICOS
Levantar
os principais motivos apresentados nos artigos estudados sobre os
medos e fantasias das crianças hospitalizadas;
Identificar
nos artigos estudados as estratégias utilizadas para minimização
dos medos e fantasias de crianças hospitalizadas.
5. MÉTODO
Trata-se
de uma Revisão Bibliográfica, conhecida também como Revisão de
Literatura, processo no qual o pesquisador tem “uma atitude e uma
prática teórica de constante busca que define um processo
intrinsecamente inacabado e permanente”, pois realiza uma atividade
de aproximações sucessivas da realidade, sendo que esta apresenta
“uma carga histórica” e reflete posições frente à realidade
(MINAYO, 1994, p.23 apud. LIMA
& MIOTO, 2007, p. 38). Este procedimento é uma forma de
esclarecer dúvidas e apresentar o “estado da arte” do assunto
abordado, caminhando e construindo um processo de pesquisa, um tipo
de investigação completa, buscando identificar evidencias.
Certamente,
este procedimento tem rigor científico na maneira de definir seus
procedimentos, que exigem do pesquisador clareza na definição do
método a ser utilizado. “Um dos procedimentos mais visados pelos
investigadores na atualidade, que pode ter sua escolha definida sem o
devido cuidado com o objeto de estudo que é proposto, é a pesquisa
bibliográfica”. (LIMA & MIOTO, 2007, p. 38).
No
presente trabalho, foi realizada uma busca nas bases de dados Index
Psi, Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Google Acadêmico,
para realização de uma Revisão Bibliográfica da literatura
nacional dos últimos quinze anos. Foram selecionados os artigos que
abordavam os medos e fantasias de crianças que enfrentam a
hospitalização e as implicações no processo de cura. As palavras
chaves utilizadas foram: Crianças, hospital, medos, fantasias,
adoecimento.
É
apresentado à seguir o Referencial Teórico sobre o conteúdo
abordado nos artigos estudados.
6. RESULTADOS
E DISCUSSÃO
O
presente trabalho, procurou levantar dados atuais de medos e
fantasias de crianças hospitalizadas com idade entre sete e nove
anos. Foram pesquisados artigos nos seguintes bancos de dados: Index
Psi, Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Google Acadêmico.
No quadro abaixo, mostra o número de artigos encontrados com o tema
relacionado independente do período de publicação:
Quadro
4 - Produção
de artigos encontrados com o tema relacionado independente do período
de publicação, utilizando palavras combinadas:
BASE
DE DADOS
|
TEMAS
RELACIONADOS
|
|
Psicologia
- Hospital - Geral
|
Intervenção
- Psicológica - Hospital - Geral
|
Crianças
-Ambiente - Hospitalar
|
O
Brincar - Contexto - Hospitalar
|
Medos
- Fantasias
|
Medo
- Morte
|
INDEX
PSI
|
10
|
3
|
2
|
5
|
23
|
51
|
SCIELO
|
50
|
29
|
33
|
15
|
88
|
15
|
GOOGLE
ACADÊMICO
|
16.300
|
46.100
|
54.900
|
14.900
|
24.100
|
97.800
|
Com
base no quadro 4 apresentado, foram encontrados mais artigos
relacionados, com a utilização de palavra combinada, na base de
dados Google Acadêmico do que nas outras bases de dados Scielo ou
Index Psi. No entanto, para a formulação do estudo, foram
utilizados apenas alguns artigos que se encaixavam nos critérios de
inclusão necessários para o proposto trabalho, pois o restante dos
artigos houve dispersão do assunto.
Quadro
5 - O
quadro abaixo, encontra-se a média de artigos relacionados ao tema
proposto no presente trabalho encontrado nas bases de dados,
independente do período de publicação:
BASE
DE DADOS
|
TEMAS
RELACIONADOS
|
|
Psicologia
- Hospital - Geral
|
Intervenção
- Psicológica - Hospital - Geral
|
Crianças
-Ambiente - Hospitalar
|
O
Brincar - Contexto - Hospitalar
|
Medos
- Fantasias
|
Medo
- Morte
|
INDEX
PSI
|
10
|
3
|
2
|
5
|
23
|
51
|
SCIELO
|
50
|
29
|
33
|
15
|
88
|
15
|
GOOGLE
ACADÊMICO
|
16.300
|
46.100
|
54.900
|
14.900
|
24.100
|
97.800
|
SOMA
|
16.360
|
46.132
|
54.935
|
14.920
|
24.211
|
97.866
|
MEDIA
|
5,45
|
15,37
|
18,31
|
4,97
|
8,07
|
32,622
|
No
presente trabalho, foram abordados em total de vinte e um artigos que
atenderam aos critérios adotados pelo estudo relacionados ao tema. A
base de dados que mais forneceu conteúdo foi o Google Acadêmico com
cerca de dezoito artigos, em segundo a base de dados Scielo com dois
artigos e em terceiro a Index Psi com um artigo relacionados ao tema.
Quadro
6 - Observa-se
a quantidade de artigos abordados no presente estudo que atenderam
aos critérios relacionados ao tema, junto à suas bases de dados
independentes do período de publicação:
BASE
DE DADOS
|
TEMAS
RELACIONADOS
|
|
Psicologia
- Hospital - Geral
|
Intervenção
- Psicológica - Hospital – Geral
|
Crianças
-Ambiente - Hospitalar
|
O
Brincar - Contexto - Hospitalar
|
Medos
– Fantasias
|
Medo
- Morte
|
INDEX
PSI
|
0
|
0
|
1
|
0
|
0
|
0
|
SCIELO
|
0
|
1
|
0
|
0
|
1
|
0
|
GOOGLE
ACADÊMICO
|
4
|
2
|
3
|
5
|
2
|
2
|
Com
base nos artigos pesquisados, conclui-se que a criança hospitalizada
vivencia experiências potencialmente traumáticas, que segundo Souza
(et al, 2012, p. 354) suscitam “sentimento de culpa, punição e
medo da morte” pois encontra-se em confronto com a dor, a limitação
física, numa atitude de passividade, ao mesmo tempo em que é
afastada do ambiente familiar. O mesmo autor afirma que a criança
hospitalizada pode manifestar prejuízos que permanecem mesmo após a
alta hospitalar. Em decorrência de seu pensamento fantasioso e
egocêntrico, a maioria das crianças apresenta dificuldades de
entender as situações vivenciadas, “passando a crer que a doença
e/ou hospitalização é uma punição por mau comportamento ou algum
erro”. (SOUZA et al, 2012, p. 354)
atuação
de profissionais da saúde na hospitalização infantil, tem sido
importante com o objetivo de minimizar o sofrimento das crianças
dentro do contexto hospitalar, proporcionando um ambiente mais
agradável e menos hostil. Contudo, foi percebido que uma das
alternativas de minimizar o sofrimento da criança no ambiente
hospitalar é a possibilidade de brincar, que se destaca como sendo
uma das atividades mais importantes da vida infantil, gerando
alegria, prazer e de certa forma conhecimento, além de ser uma forma
de se comunicar com o mundo e com o meio onde vive. Francischinelli
(et al, 2012, p. 19) relata que as crianças expressam “não só
seus sentimentos de amor, mas também suas ansiedades e frustrações,
bem como as críticas ao meio e às relações familiares,
conquistando o desenvolvimento harmonioso de sua personalidade”.
6.1. Medos
e Fantasias
O
hospital é um ambiente desconhecido para o universo da criança,
restrito de possibilidades de atividades como “o brincar, sendo um
lugar muitas vezes de solidão, tristeza, saudade de casa, dos
familiares, amigos e colegas”. Os familiares passam por momentos de
angustia, assim como a criança, despertando, muitas vezes, outros
sentimentos como de culpa e de perda. Dentro dos hospitais, o
trabalho interdisciplinar com a criança e sua família torna o
atendimento integrado e humanizado, auxiliando no processo de melhora
do paciente (LIMA, 2007).
Os
profissionais da saúde devem estar atentos à criança, na tentativa
de minimizar o sofrimento físico e emocional gerados pela
internação. A criança expressa-se seus sentimentos de medo da
perda ou afastamento dos pais, de ficar sozinha, de não voltar para
casa, de não ter mais os seus brinquedos e amigos, o que é
angustiante para a criança e muitas vezes dificultador do processo
de cura. Nesse sentido, Calvett (2008) relata que todos os
procedimentos que serão realizados, devem ser explicados para a
criança na tentativa de atenuar seus medos e fantasias diante do
ambiente desconhecido.
inda
sobre o mesmo autor, propõe que a família seja auxiliada a trazer
os objetos preferidos da criança, ajudando a manter o vínculo com
seu lar dentro do contexto hospitalar, tornando o ambiente mais
familiar e facilitador.
Ponto
importante, enfatizado Altamira (2010) é a necessidade de um
entendimento é a despersonalização do paciente no hospital, ou
seja, “essa despersonalização pode potencializar o sofrimento e
fazer dessa estadia no hospital uma fase da vida marcada por inúmeras
consequências negativas”. Segundo Camon (2006 apud. ALTAMIRA,
2010, p. 11):
O
paciente perde seu nome, deixando de ser ele passa a ser a patologia
que o levou à internação ou o número de leito em que se encontra.
O mesmo autor afirma que, a posição de hospitalizado será uma
experiência única enquanto vivência. Além disso, suas rotinas e
costumes se transformarão diante da hospitalização e da doença,
se a doença for algo que o envolva apenas temporariamente haverá a
possibilidade de uma nova reestruturação existencial quando do
restabelecimento orgânico, fato que, ao contrário das doenças
crônicas, implica necessariamente numa restauração vital.
6.2. O
Medo da Morte?
hospitalização
não é comum na vida de uma pessoa, nem mesmo de uma criança. A
hospitalização é vista pela criança como ameaçadora, pois não é
comum, se encontrar em ambiente desconhecido, tendo essa que conviver
com pessoas estranhas, onde muitas vezes deixa de fazer coisas que
fazia anteriormente. No hospital, a criança encontra-se com momentos
de dor e sofrimento para os quais ela não estava preparada e
desconhecia, “este fato faz com que ela tenha medo da situação em
que se encontra”. No hospital existem exames e procedimentos, que
utiliza-se de materiais e equipamentos que a criança desconhece,
trazendo sentimentos de invasão, separação do seu mundo familiar,
tendo, muitas vezes, medo do desconhecido. (GOMES et al, 2013, p.
769, 770)
morte
se apresenta de forma misteriosa, não só do fim da vida, mas um
fenômeno de outra realidade, “apresentando-se como um processo
misterioso e ainda assustador ao ser humano, consequentemente as
pessoas procuram não pensar na morte ou no seu significado”
(PINTO, 2013, p. 2)
Sendo
assim, o medo da morte é universal, embora Freud (2010 apud. PINTO,
2013, p. 12) tenha afirmado que “as crianças ignoram tal
restrição; elas ameaçam despreocupadamente umas às outras com a
ideia da morte”. Na explicação psicanalítica, Wahl
(1959 apud. PINTO,
2013, p. 12) comenta que o “medo da morte está muitas vezes
relacionado ao medo da castração, pois o medo da castração que
surge após o período edipiano está relacionado com o medo da
morte”. Já Kovács (1992 apud. PINTO,
2013) afirma que a morte na explicação psicanalítica é
controversa, pois existiria representação da morte no inconsciente.
“Isso não existiria, por ser uma experiência que nunca tinha sido
vivida. Mas ele considerava como equivalentes os terrores da
castração, da perda do amor, do objeto” (KOVÁCS,
2008, apud. PINTO,
2013, p. 12)
Gomes
et al. (2013) afirmam que no hospital, as crianças precisam
enfrentar diversos sentimentos ainda desconhecidos, como a dor, o
mal-estar, o desconforto e conviver com rotinas e regras impostas
pelo hospital. Sendo assim, o ambiente hospitalar é causador de
impacto em seu comportamento, levando à ter reações estressantes,
de instabilidade, insegurança e de medo.
A
criança hospitalizada vive experiências desconhecidas gerando
sofrimento e medo do desconhecido, o que aumenta a fantasia. Gomes et
al. (2013, p. 768) revela alguns cuidados minimizar tais sentimentos
vivenciados pela criança nesse momento, uma delas é o “conhecimento
de todos os elementos relacionados à internação, como medicações,
procedimentos, rotinas e restrições, podendo, assim, lidar melhor
com essas situações”.
6.3. O
Brincar no contexto Hospitalar
Criança
vive em uma fase exploratória, onde o Brincar é a atividade mais
importante de sua vida, gerando alegria, prazer e de certa forma
conhecimento, esta é uma forma de se comunicar com o mundo e com o
meio onde vive. Francischinelli, et al (2012, p. 19) relata que a as
crianças expressam “não só seus sentimentos de amor, mas também
suas ansiedades e frustrações, bem como as críticas ao meio e às
relações familiares, conquistando o desenvolvimento harmonioso de
sua personalidade”
O
brincar é uma necessidade da criança que se faz presente em todos
os estágios do desenvolvimento infantil, ao qual, tem sua
importância no processo do amadurecimento cognitivo e na
socialização. Essas atividades lúdicas na infância são uma forma
de entretenimento para o mundo da criança, distração e ocupação,
além do desenvolvimento da criatividade e da autoconsciência do
indivíduo. (FRANCISCHINELLI et al, 2012).
Ribeiro
(1998 apud. FRANCISCHINELLI
et al, 2012) ressalta sobre a importância do brinquedo na vida da
criança com foco no tratamento terapêutico, por ajudar a criança a
enfrentar situações de crise, como a hospitalização. Pois pode
auxiliar no tratamento positivo do emocional da criança e no
restabelecimento físico, auxiliando no enfrentamento do âmbito
hospitalar, tornando-o menos traumatizante. Desta forma, a técnica
lúdica de brincar no ambiente hospitalar, proporciona sua “função
curativa, ao possibilitar que a criança elabore seus conflitos,
aliviando sua ansiedade”. Ou seja, a criança se expressa por meio
de brinquedos, ao qual, “já está habituada, uma forma natural de
autoterapia”. (FRANCISCHINELLI et al, 2012, p. 19). Mello
(2003, apud. FRANCISCHINELLI
et al, 2012, p. 19) afirma que:
O
uso de brincadeiras no hospital apresenta muitas vantagens, dentre
elas, a capacidade de conduzir as crianças a uma experiência que as
faça sentir-se vivas, mesmo em situação estressante, como quando
doentes. Essa vivência propicia-lhes ganhos e perdas, crescimento e
amadurecimento, sucessos e fracassos, mantendo a evolução de seu
processo de desenvolvimento.
Souza
et al (2012, p. 354) acredita que a hospitalização na vida da
criança traz uma experiência potencialmente traumática, pois a
criança se encontra em confronto com a dor, passividade e a
limitação física, ao mesmo tempo em que é afastada do ambiente
familiar o que a faz ter “sentimento de culpa, punição e medo da
morte”. O processo de hospitalização, pode trazer à criança
manifestações de insatisfação momentânea ou prejuízos que
permanecem mesmo após a alta hospitalar. Em decorrência de seu
pensamento fantasioso e egocêntrico, a maioria das crianças
apresenta dificuldades de entender as situações vivenciadas,
“passando a crer que a doença e/ou hospitalização é uma punição
por mau comportamento ou algum erro”.
inda
sobre o mesmo autor, afirma que a utilização do brinquedo
terapêutico é muito importante para ajudar a criança a perceber o
que está acontecendo, pois terá função de “liberar seus temores
e ansiedades, permitindo que ela exponha o que sente e pensa”.
(SOUZA et al, 2012, p. 354). Com o auxílio do brinquedo estruturado,
ajudará no alivio da criança causada por experiências “não
naturais” pela sua idade que podem ser ameaçadoras, como a
ansiedade.
Souza
et al. (2012, p. 354) apresentaram em suas pesquisas, três formas de
brinquedo terapêutico, desde que a criança se sinta “a vontade”
promovendo bem estar psicofisiologico. São elas: o Brinquedo
Dramático, que permite a descarga emocional; o Brinquedo
Instrucional, que ajuda a criança na compreensão do tratamento e no
esclarecimento de conceitos errôneos e o Brinquedo Capacitador de
funções fisiológicas, o qual busca desenvolvimento de atividades
em que as crianças possam, de acordo com suas necessidades, melhorar
ou manter suas condições físicas.
O
brinquedo contribui para o desenvolvimento global, envolvendo
atividades, como a dramatização de papéis, permite o diagnóstico
do conflito pelo qual a criança está passando, configurando, então,
sua função curativa, funciona como “válvula de escape” e
conduz à diminuição da ansiedade pela catarse emocional. (SOUZA et
al, 2012, p. 355)
Nessa
perspectiva, o brincar é uma possibilidade da criança expressar
seus sentimentos, receios e hábitos; colocando o mundo onde vive
tanto familiar quanto as situações novas ou ameaçadoras assim como
a elaboração de experiências desagradáveis ou desconhecidas.
Sendo assim, o brincar se torna terapêutico capaz de promover o
desenvolvimento infantil e, o mais importante, a capacidade de
entender melhor esse momento específico que vive, a hospitalização.
7. CONSIDERAÇÕES
FINAIS
O
ser humano de modo geral, não está preparado para lidar com a morte
nem com o morrer. Quando se depara com a doença ou até mesmo a
internação, o indivíduo sente-se aflito, sem saída, com
pensamentos fantasiosos de passado e futuro, pensando em tudo o que
não fez e tudo o que ainda há para fazer. A morte é incerta,
misteriosa e assustadora, é a única certeza que o ser humano tem e
que é veementemente negada.
O
presente trabalho, possibilitou conhecer o que se produziu de
conhecimento científico nos últimos 15 anos sobre os medos e as
fantasias de crianças que enfrentam hospitais, sejam por doenças
mais graves ou mais leves.
hospitalização
na infância é, sem dúvida, mesmo para profissionais da área da
Saúde, algo de difícil assimilação, haja vista que esta fase do
desenvolvimento humano congrega expectativas de bem-estar, alegria e
liberdade. Com a hospitalização, a criança é retirada de seu
ambiente familiar, o que ocasiona uma série de mudanças no ritmo de
sua vida. O conhecimento dos elementos relacionados à internação,
como medicações, procedimentos, rotinas e restrições, podem
auxiliar a criança a lidar melhor com as situações provocadas pela
hospitalização, que desta forma, se torna mais familiar.
As
principais fantasias infantis identificadas nos artigos encontrados
estão relacionadas ao medo da morte, ao afastamento da família, aos
procedimentos utilizados durante a hospitalização e o próprio
ambiente hospitalar, incluindo a relação que estabelece com os
profissionais que atuam com o paciente infantil.
Sabe-se
que uma das formas de expressão mais genuínas da criança é o
brincar, porque é por intermédio desta atividade que a mesma
expressa sentimentos e emoções e é o que deve ser utilizado
durante a internação da criança, com a possibilidade da instalação
de brinquedoteca no hospital. importância do brinquedo na vida da
criança com foco no tratamento terapêutico, ajuda no enfrentamento
de situações de crise, como a hospitalização, contribuindo no
aspecto emocional e no restabelecimento físico, auxiliando no
enfrentamento do âmbito hospitalar, tornando-o menos traumatizante.
A técnica lúdica de brincar no ambiente hospitalar tem importante
função curativa, ao possibilitar que a criança elabore seus
conflitos diminuindo sua ansiedade. utilização de brincadeiras no
hospital apresenta inúmeras vantagens tais como a de proporcionar às
crianças uma experiência que as faça sentir-se vivas, Desta
maneira, possibilita-se à criança que mantenha a evolução de seu
processo de desenvolvimento.
Acredita-se
que o conhecimento resultante desta pesquisa forneça subsídios para
o campo de atuação do Psicólogo Hospitalar e da equipe de
profissionais da saúde, auxiliando a equipe médica e a família na
compreensão de possível sucesso ou fracasso do tratamento.
Sugerem-se
novas pesquisas na área da psicologia hospitalar com ênfase na
hospitalização infantil para que se possa minimizar sofrimentos no
processo de adoecer, bem como possibilitar uma maior adesão da
criança ao tratamento proposto, favorecendo o reestabelecimento,
diminuindo o tempo de hospitalização e consequentes sequelas.
8. REFERÊNCIAS
LMEIDA,
R. A. & MALAGRIS, L. E. N. A
prática da psicologia da saúde. Rev.
SBPH [online].
2011, vol.14, n.2, pp. 183-202. ISSN 1516-0858.
LMEIDA,
R. A. & MALAGRIS, L. E. N. Psicólogo
da Saúde no Hospital Geral: um Estudo sobre a Atividade e a Formação
do Psicólogo Hospitalar no Brasil. Psicol.
cienc. prof. [online].
2015, vol.35, n.3, pp.754-767. ISSN 1414-9893.
LTAMIRA,
L. L.
A Criança Hospitalizada: Um Estudo Sobre a Atuação do Psicólogo
Hospitalar. Monografia
apresentada ao curso de Psicologia da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, PUC-MG, pp. 1-33. Arcos-MG, 2010.
NGERAMI-CAMON,
V. A. Psicologia
da saúde: um novo significado para a prática clínica. São
Paulo, SP: Pioneira. 2002.
CALVETT,
P. Ü. & SILVA, L. M. & GAUER, G. J. C. Psicologia
da saúde e criança hospitalizada. Psic [online].
2008, vol.9, n.2, pp. 229-234. ISSN 1676-7314.
CASTRO,
E. K. & BORNHOLDT, E. Psicologia
da saúde x psicologia hospitalar: definições e possibilidades de
inserção profissional. Psicol.
cienc. prof. [online].
2004, vol.24, n.3, pp. 48-57. ISSN 1414-9893.
CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA – CFP. Resolução
CFP 013/2007, Consolidação das Resoluções relativas ao Título
Profissional de Especialista em Psicologia.
Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA) Brasília, 1990.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm
FERRARI,
S. BENUTE, G. R. G.; SANTOS, N. O. & LUCIA, M. C.
S. Excelência
do atendimento em saúde: a construção de indicadores assistenciais
em psicologia hospitalar. Psicol.
hosp. (São Paulo) [online].
2013, vol.11, n.2, pp. 60-71. ISSN 1677-7409.
FOSSI,
L. B. & GUARESCHI, N. M. F. A
psicologia hospitalar e as equipes multidisciplinares. Rev.
SBPH, Rio de Janeiro. v. 7, n. 1, p. 29-43, jun.
2004
FRANCISCHINELLI,
A. G. B. & ALMEIDA, F. A. A, & FERNANDES, D. M. S. O. Uso
rotineiro do brinquedo terapêutico na assistência a crianças
hospitalizadas: percepção dos enfermeiros. Acta
Paul Enferm. ;25(1):18-23. 2012
GOMES,
G. C. & NICOLA, G. DO. & SOUZA, N. Z. & CHAGAS, M. C. S.
& FARIAS, D. F. R. & XAVIER, D. M. Percepções
da Família Acerca das Dificuldades de Adaptação da Criança à
Hospitalização: Subsídios Para a Enfermagem. Cogitare
Enferm. 2013 Out/Dez; 18(4):767-74
GORAYEB,
Ricardo. A
prática da psicologia hospitalar. Psicologia Clínica e da Saúde –
Organização: Maria Luiza Marinho e Vicente E. Caballo – UEL –
Granada: APICSA - p. 263-278, 2001
LIMA,
T. C. S & MIOTO, R. C. T. Procedimentos
metodológicos na construção do conhecimento científico: a
pesquisa bibliográfica. Rev.
Katál. Florianópolis v. 10 n. esp. p. 37-45, 2007
MESQUITA,
D. A. & SILVA, E. P. & ROCHA-JÚNIOR, J. R. O
Psicólogo Atuando Junto à Criança Hospitalizada. Ciências
Biológicas e da Saúde Fits | Maceió | v. 1 | n.2 | p. 89-96 | maio
2013
MOSIMANN,
L. T. N. Q. & LUSTOSA, M. A. A. Psicologia
hospitalar e o hospital. Rev.
SBPH [online].
2011, vol.14, n.1, pp. 200-232. ISSN 1516-0858.
PINTO,
L. F. A
Representação da Morte: Desde o Medo dos Povos Primitivos até a
Negação na Atualidade. Graduada
em Psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas, v. 7, n. 1. 2013
SANTOS
L. J. & VIEIRA M. J. Atuação
do psicólogo nos hospitais e nas maternidades do estado de
Sergipe. Ciência
& Saúde Coletiva, 17(5):1191-1202, 2012
SIMONETTI,
A. Manual
da Psicologia Hospitalar: O Mapa da Doença. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2004
SOUZA,
L. P. S. & SILVA, C. C. & BRITO, J. C. A. & SANTOS, A. P.
O. & FONSECA, D. G. A. & LOPES, J. R. & SILVA, C. S. O. &
SOUZA, A. A. M. O
Brinquedo Terapêutico e o lúdico na visão da equipe de
enfermagem. J
Health Sci Inst. 2012;30(4):354-8