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sábado, 25 de setembro de 2021

ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO “Primo Basílo”

 ABILIO MACHADO 

ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO 

Análise de uma interação social em uma obra literária:

“Primo Basílo”

...de Eça de Queiroz.

Análise apresentada pela EQUIPE 03 A, à disciplina

de AEC - Analise Experimental do Comportamento II,

ministrada pelo Professor: Ms. Felipe G. de Oliveira ao

4º Período de Psicologia da Faculdade Evangélica do

Paraná.

Curitiba, 11 de novembro de 2011


“Primo Basílo... de Eça de Queirós.”


Questionar, levantar possibilidades sobre a vida de uma personagem, a AEC,

mostra sua aplicabilidade no contexto do cotidiano, na vida de nós mortais, que em

minha visão traz uma compreensão melhor sobre o estudo comportamental, pois as

figuras fictícias usadas pelo autor são sempre frutos de uma observação, de um

entendimento pessoal e que ele alude criando ou assemelhando situações para

demonstrar aqueles comportamentos que lhe chamaram a atenção.


Neste trabalho, específico sobre a obra de Eça de Queirós, O Primo Basílio

(1878), os recortes dos diálogos para estudo dizem respeito à personagem Luísa e sua

auxiliar doméstica e seus comportamentos. Traz na sua essência um comportamento

da época, um romantismo dentro do movimento literário que ficou conhecido como fase

realista, que como seus outros contos mostram e muito as peripécias da sociedade

portuguesa do sec. XIX, que não deixa de ser atual, pois seu trato é sobre uma esposa

jovem que se vê dentro de um casamento, até que em alguns momentos feliz, mas que

com o retorno ao país de seu primo Basílio, seu primeiro amor, o qual teve de

negligenciar pelo arranjo matrimonial da época. Luísa, é apanhada num turbilhão,

adultério e refém de sua empregada, que acaba interceptando sua correspondência.

Às vezes na sua consciência achava Leopoldina "indecente"; mas tinha um fraco por ela: sempre

admirara muito a beleza do seu corpo, que quase lhe inspirava uma atração física. Depois a

desculpava: era tão infeliz com o marido! Ia atrás da paixão, coitada!

E aquela grande palavra, faiscante e misteriosa, de onde a felicidade escorre como a água de

uma taça muito cheia, satisfazia Luísa como uma justificação suficiente: quase lhe parecia uma

heroína; e olhava-a com espanto como se consideram os que chegam de alguma viagem

maravilhosa e difícil, de episódios excitantes.

Só não gostava de certo cheiro de tabaco misturado de feno, que trazia sempre nos vestidos.

Leopoldina fumava. (descrição dos pensamentos de Luísa (Cap.01, p.11).

Como exposto no trabalho realizado na última aula, dia 09, para que haja

possibilidade de um estudo comportamental se precisa ter o conhecimento do histórico

daquela vida, do que o indivíduo viu ou presenciou que veio a estimular determinada

resposta, por isso no início citei os pensamentos da personagem, pois sua amiga dos

tempos de solteira e vizinha lhe promove certa inveja pelos prazeres e libertinagem,

não só verbais quanto de relacionamentos.


De acordo com Ernesto Guerra da Cal (1953, p. 27), estudioso das obras de

Eça:

Visto que segundo as anotações de Maria Amélia Matos (1991,p.2) pensar é

aqui entendida como uma classe de operantes verbais pré-correntes encobertos

(principalmente tatos e ecóicos) relativos a um assunto ou problema, cujos efeitos

principais são sobre o repertório comportamental do próprio emitente, e que, nesse

sentido, não produzem alterações no ambiente físico ou social do ambiente. Contudo,

alteram a probabilidade de ocorrência de outros comportamentos do emitente, e estes

sim, que alteram seu ambiente físico e/ou social.

Este romance carrega características psicológicas próprias através destas

quadras de diálogos que vem auxiliar ao nosso estudo e principalmente ao profissional

de investigação comportamental.

O estilo literário vai muito mais além do meramente verbal. Ter estilo

não é possuir uma técnica de linguagem, mas ter uma visão própria do

mundo e ter conseguido uma forma adequada para a expressão dessa

paisagem interior.

As palavras são, pois, mais alguma coisa do que o veículo de

comunicação, por meio do qual o artista nos faz chegar a sua

mensagem. Por detrás delas, implícita, misteriosamente presente, está

uma apreensão total da realidade; uma atitude vital, uma concepção

subjetiva do mundo, uma particular maneira de o simplificar, de o

transformar, adaptando-o à personalidade, à própria maneira de o

sentir, de “o pensar” por assim dizer.

Pois, podemos compreender e entender os comportamentos individuais, os

reforçadores que os antecedem e os estimulam, bem como o reconhecimento do

contexto em que acontecem os comportamentos, neste estudo são as categorias

verbais que nos auxiliarão.

A análise da página 16 é de mando, pois subentende-se que Juliana não

obedeceu ao trabalho e acabou sendo lembrada pela patroa da necessidade da roupa

arrumada na mala, através desta descrição verificamos a diferença funcional da ouvinte

e da emitente.

A página 17, traz uma situação de tato, pois é devido ao desejo do marido, que

acha Leopoldina uma má influência, e portanto, não é bem vinda. É tato, por estar sob

a visão do controle, sensações e lembranças.

Na página 21, existindo uma partilha da informação, e como acima uma

discriminação e identificação social caracteriza-se como tatear.

Na página 24, vemos claramente que há um confronto situacional entre ambas,

uma querendo revitalizar o valor e os conceitos do marido e a outra ameaçadora

demonstrando que é cumpridora de que pode ser bem mais perigosa que

simplesmente comentar sobre a visita de Leopoldina... Característica ecóica, em

reforçar e fazer lembrar, demonstração de necessidade perceptiva.

Sobre a página 45, Juliana pede para sair, mas é lembrada de suas funções, dizse doente e é parte de seu aprendido a lamentação da sua doença causa comoção e

liberação, porém um controle verbal, entraria o mando e o ecoar, pois aparece as

características necessárias.

Na página 55, Luísa está perdida em pensamentos quando é abordada, aqui

existe a presença de encobertos, que estão ali, na lembrança de Luísa, onde ela

retrocede em si na busca daqueles momentos, fato este que a faz ter uma reação

brusca com Juliana quando esta lhe traz luz, é o mando.

Leopoldina era filha única do Visconde de Quebrais, o devasso, o

caquético, que fora pajem de D. Miguel. Tinha feito um casamento

infeliz com um João Noronha, empregado da alfândega. Chamavamlhe a “Quebrais”; chamavam-lhe também a “Pão-e-queijo”. Sabia-se

que tinha amantes, dizia-se que tinha vícios. Jorge odiava-a. E dissera

muitas vezes a Luísa: Tudo, menos a Leopoldina!

Na página 66, o mando entra novamente, através da cobrança da atitude da

doméstica, a qual se esquiva de sua função, e também por que se trata de Basílio a

bater na porta.

Na página 69, a uma intenção fora do contexto original, em primeira visão sobre

as perguntas seria uma verbalização poética, como há uma compreensão da situação

coloco-a como ler, a ouvinte conseguiu reconhecer e verbalizar uma resposta

adequada.

Na página 77, o ecoar vem atroz através das palavras, que retumbam uma

ameaça sobre o fato de que Luísa se encontrava ausente.

Na78, vem o mando através da ordem expressa.

Na 81, vem um pedido consensual de que entrará mais uma personagem no

ambiente, seria este que tipo de reforçador? Para mim mais negativo que positivo para

a situação, de ver Basílio e Luísa à casa sem a presença do marido.

Na 88, o arrumar a cama, o ter ouvido barulho, há o mando e o ecoar, bem que

tal estímulo, não interferiu naquele momento nos amores do casal, só depois Luisa vem

saber de quem se tratava.

Na 97, o mando de novo, a colocação dos papeis, a bem que a presença da

empregada parece mais como uma tentativa de interrupção e coação, buscando

informações para um emparelhamento.

Na 111, a empregada volta a usar a comoção da patroa, pois aprendeu que se

passar mal, acaba ganhando liberação para sair a perambular e ter com a tia.

Na página 135, uma presença negativa da empregada que é surpreendida na

sua tentativa de ouvir a conversação, um estímulo negativo que causa aversão à

patroa.

Na 139, existe um vislumbre de perigo sobre a chegada da carta e

reconhecimento do emitente, o tato aparece, no cuido do ato.

Na 146, a presença do marido causa uma reação impulsiva e Luisa se desfaz da

carta, mas presa à imagem amorosa retorna par tentar recuperar, porque aquelas

palavras lhe satisfazem, são um perigo mas que se transforma em reforço positivo ao

seu sentido romântico, deste sonhar.

Na 148, Luisa tenta demonstrar controle sobre o controle, dizendo que a

chegada da carta não irá proporcionar nenhum desconforto, coisa que não é a verdade.

Na pagina 189, Juliana faz tremer as estruturas do ambiente ao revelar o que

antes Luisa achava encoberto, faz ela ecoar seus propósitos que questiona a

autoridade antes exercida e que acaba por ter agora uma afronta.

Nas 212-214, Juliana questiona a fuga de Basílio, que tenta se afastar pelo caso

das cartas sumidas mas este acaba sendo um estímulo a mais para ela que exige uma

paga de 600 mil contos de réis, e também verbaliza toda a diferença social que as

separa, numa verdadeira apresentação histérica dos fatos.

Na página 221, existe o ecoar de novo com outras presenças de verbalizações

subjetivas, mas a empregada deixa de ser naquele instante um aversivo.

Na 223, é um diálogo estranho pois ao mesmo tempo que há o medo,negativo e

aversivo, existe uma procura de se fazer passar por auxiliadora, ou seja, positiva.

Nas 224 e 229, novamente as cartas, o uso de um objeto, só o fato de

mencionar, causa tamanho furor e ganhos, através de um subjetivo que causa mal

estar à senhora, ante a ameaça.

Nas páginas seguintes o retorno do marido a não funcionalidade da doméstica

acabam trazendo outra vertente que é o ecoar e o mando de Jorge, o marido, se vendo

sob ameaça de ter de sair da casa, Juliana se submete e acaba retornando as suas

funções, e assim mesmo sem deixar de lembrar à Luisa que se comporte. Acabam

traçando um contrato social, de relacionamento nestas últimas, pois se encontra a

articulação, que é o manejo coerente buscando a ambas uma auto-conscientização

comportamental.

Acabei por ler um artigo sobre O Primo Basílio que traz pormenores sobre toda a

elaboração de condução, estrutura e personalidades das personalidades e enredo

desta obra de José Maria, realizado por Élica Luiza Paiva (2006) ‘Da obra literária à

minissérie televisiva: um estudo da transcodificação da decadência moral da

personagem Luísa do romance O Primo Basílio de Eça de Queirós’, que indico aos

colegas e professores.


Referências bibliográficas:

QUEIRÓS, Eça. (1997).O Primo Basílio. 18. ed. São Paulo: Ática.

PAIVA, Élica Luiza (2006). Da obra literária à minissérie televisiva: um estudo da

transcodificação da decadência moral da personagem Luísa do romance O

Primo Basílio de Eça de Queirós. Dissertação apresentada como requisito

parcial para obtenção do Grau de Mestre, no Programa de Pós-Graduação

Stricto Sensu em Comunicação, Área de Concentração: Mídia e Cultura, Linha

de Pesquisa: Ficção na Mídia, da Faculdade de Comunicação, Educação e

Turismo da Universidade de Marília, Marília – SP

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