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quinta-feira, 5 de junho de 2025

O Centímetro Invisível

 


O Centímetro Invisível

Por Abilio Machado

Era uma vez um homem… que olhava para baixo e suspirava. Nada de errado com ele, aparentemente, exceto pelo fato de que aquele pensamento insistente o acompanhava como um fantasma desde a adolescência: “E se for pequeno demais?”

Freud, claro, teria muito a dizer sobre isso—afinal, o pênis não é apenas um órgão, mas um símbolo de potência, identidade, virilidade. Ou assim nos fizeram acreditar. E é aí que começa o problema.

Desde os primeiros comparativos nos vestiários da escola até as pesquisas frenéticas na internet, a busca pela validação gira em torno de centímetros que ninguém nunca mediu oficialmente, mas que definem silêncios constrangedores e sexos de luz apagada.

Na psicanálise, essa angústia não é apenas sobre o tamanho, mas sobre o olhar do outro. O superego, essa entidade cruel que internaliza as normas da sociedade, fica repetindo como um juiz severo: “Será que vou ser suficiente?”. A autoestima oscila entre a expectativa e a realidade, e muitas vezes a solução encontrada é fingir que nada está acontecendo—evitar a nudez pública, omitir detalhes nas conversas entre amigos, deixar o ambiente escuro e confiar que o mistério seja mais sedutor que a revelação.

No entanto, a verdade é que essa inquietação nunca foi sobre centímetros, mas sobre identidade. A masculinidade, tão vendida como uma questão de poder, acaba se confundindo com medidas físicas que, para muitos, definem seu próprio valor. Mas e se não definisse?

Afinal, quem realmente mede prazer com régua? Quem define potência por estatísticas? E quem, no final das contas, não se perde em suas próprias inseguranças, sejam elas sobre tamanho, forma ou desempenho?

Talvez fosse hora de revisar esses conceitos, abandonar os mitos, tirar a fita métrica do bolso e perceber que, no jogo dos desejos, os melhores centímetros são aqueles que ninguém calcula—mas que todos sentem.


quinta-feira, 11 de abril de 2024

DIA MUNDIAL DA DOENÇA DE PARKINSON - 11 DE ABRIL

 


No dia 11 de abril é celebrado o Dia Mundial da Doença de Parkinson; o distúrbio neurológico marcado pelos tremores nas mãos é comum em uma a cada mil pessoas. Ainda hoje, uma série de estigmas é associada à doença, tornando a conscientização da temática cada dia mais necessária. 

“Com a doença diagnosticada e tratada adequadamente, o paciente consegue viver com ela em uma condição de vida bastante elevada”, comenta o professor Egberto Reis Barbosa, chefe do Ambulatório de Doença de Parkinson e Distúrbios do Movimento da Divisão de Neurologia Clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. 

Doença neurodegenerativa 

A doença de Parkinson é uma patologia neurodegenerativa de prevalência alta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de quatro milhões de pessoas são afetadas por ela, o que representa cerca de 1% da população mundial a partir dos 65 anos. “À medida que o contingente de pessoas idosas aumenta, o número de pacientes com a doença de Parkinson também vai aumentando progressivamente”, explica Barbosa. 


Doenças neurodegenerativas são conhecidas como proteinopatias, ou seja, uma proteína, que normalmente é produzida no cérebro, apresenta uma função na transmissão sináptica. Essa sofre uma degeneração estrutural, fator que leva à perda neuronal progressiva. “Nessa doença, o principal problema é a perda de neurônios em uma região do cérebro que se chama substância negra. Eles produzem um neurotransmissor que se chama dopamina, então, todo o arsenal terapêutico para melhorar o paciente com doença de Parkinson é baseado na reposição de dopamina”, explica o professor. 

O médico também comenta que, com o tempo, a doença pode levar a uma incapacidade motora e, como não tem cura, é encarada como um desafio para a medicina. Contudo, na maioria dos casos, os pacientes que seguem o tratamento corretamente conseguem ter uma alta qualidade de vida, reforça ele. “A imagem que se tem é de uma doença muito incapacitante, mas boa parte dos pacientes evolui muito bem, mesmo a longo prazo. Há pacientes que, sob tratamento, mal se percebe que eles possuem a doença. Então, a perspectiva de vida para boa parte dos pacientes é bastante satisfatória, desde que o tratamento seja aderido corretamente.”




Sintomas e identificação 

Além dos conhecidos tremores nas mãos, a doença de Parkinson pode gerar também instabilidade postural, rigidez nas articulações, lentidão nos movimentos e outros sintomas. Porém, o professor da Faculdade de Medicina da USP diz que a maior parte dos pacientes, cerca de 80%, ainda apresenta os tremores como primeiro sintoma. Um contingente menor apresenta rigidez de membros e dificuldade de locomoção. 

O diagnóstico da doença costuma ser feito durante exames clínicos: “Os casos que são apresentados com tremores levam poucos meses para serem identificados, ao passo que aqueles que não apresentam tremor podem levar anos”, adiciona Barbosa. Manifestações pré-motoras da doença também são identificadas e podem auxiliar no diagnóstico final. As mais comuns delas são a perda de olfato e o transtorno comportamental do sono. “Às vezes essas manifestações precedem em vários anos as manifestações motoras”, diz o especialista. 

Como dito, a doença de Parkinson não apresenta cura, mas esse fato não impede que os pacientes tenham qualidade de vida. “Apesar da ausência de cura, os terapêuticos hoje são bastante eficazes para manter os pacientes em uma condição de vida bastante satisfatória”, comenta o professor, reforçando o combate de estigmas associados à doença.  

Além disso, é interessante notar que o tratamento é uma combinação do tratamento medicamentoso (remédios) com atividades físicas regulares. Alguns dos remédios necessários para o controle da doença são fornecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “A Levodopa, que é o principal recurso para o tratamento da doença de Parkinson, é fornecida tanto nos postos de saúde quanto pelo Programa Farmácia Popular, que vende o medicamento com descontos”, lembra Barbosa. 




segunda-feira, 27 de junho de 2022

Saúde Mental do Homem



Saúde Mental do Homem

A saúde mental do homem costuma ser um tema negligenciado. A maioria dos homens ainda encontra inúmeras barreiras internas quando o assunto é cuidar de si mesmo e falar sobre sentimentos.

Dependendo da forma como eles foram ensinados a encarar a vida, a resposta inicial é fugir de quaisquer ocasiões que sugiram vulnerabilidade emocional e conexão. Dessa forma, a conversa acerca da saúde da mente dos homens cai no esquecimento.

Como a população masculina tem vivências diferentes da feminina, as suas necessidades emocionais são um tanto diferentes. Distinções biológicas também influenciam a forma como os homens e as mulheres experienciam a vida e sintomas de condições psicológicas.

Sendo assim, é preciso multiplicar e disseminar as conversas sobre os cuidados com a saúde mental dos homens para o bem deles... 

Muitos homens ainda não têm o costume de cuidar tanto da saúde física quanto da saúde mental.

Por conta disso, eles tendem a sofrer silenciosamente com sintomas de doenças ou receber diagnósticos tardios de patologias cujo tratamento é mais eficiente nos estágios iniciais.

Essa relutância da população masculina pode ser explicada pela educação passada de geração para geração. Homens são ensinados a não demonstrarem sinais de fraqueza.

Quando crenças como “homens não choram” ou “homens são fortes independente da situação” são vividas à risca, os homens sentem que não podem buscar ajuda para resolver os seus problemas de saúde.

 Afinal, fazer isso é um sinal de fraqueza! Então, muitos somente vão ao médico em momentos de extrema necessidade.

O mesmo acontece com a saúde mental. Muitos homens resistem à ideia de fazer terapia por ou enxergarem o acompanhamento psicológico como “coisa de mulher”, ou não acreditarem “nessas coisas”.

Por conseguinte, tendem a sofrer com sintomas de depressão, ansiedade e outras condições sem saber.

Além disso, homens tendem a reprimir mais emoções e sentimentos que as mulheres. Não é à toa que muitos não sabem administrar como se sentem em diversas ocasiões e acabam reagindo intensamente. A repressão emocional é muito prejudicial para a saúde da mente.

Embora muitas transformações sociais tenham acontecido nos últimos anos, modificando percepções tradicionais sobre o papel do homem na sociedade, ainda encontramos crenças e convicções que atrapalham os cuidados masculinos com a saúde mental e física.



Como cuidar da saúde mental do homem?

É muito importante que os homens desenvolvam o hábito de cuidarem de si mesmos, ou seja, do autocuidado.

Ele se torna a base da pirâmide que comporta os demais elementos de suas vidas – trabalho, estudo, família, relacionamentos, filhos, objetivos de vida, saúde, condição financeira, entre outros.

Se você não está bem, as demais áreas de sua vida também sofrem porque você deixa de ter ânimo e energia para gerenciá-las.

A vontade de se isolar dos demais, de faltar ao trabalho e até de desaparecer por um tempo surge facilmente neste momento de fragilidade emocional.

Embora esses anseios sejam tentadores, eles não resolvem problemas nem conflitos internos. O ideal é procurar um psicólogo para buscar, em conjunto, maneiras de extinguir o cansaço mental e o estresse.

Para prevenir esse cenário desagradável, os homens podem adotar hábitos que promovem a manutenção da sua saúde mental. Entre eles estão:

 

1.    Praticar exercícios físicos

A prática de exercícios físicos é uma obrigatoriedade para homens e mulheres de todas as idades. Além de ajudarem na circulação do sangue e fortalecerem a musculatura, eles liberam hormônios essenciais para o bem-estar emocional.

Mesmo levando uma vida tranquila, pessoas sedentárias tendem a se sentir mal com mais frequência sem saber o porquê exatamente por essa razão.

Os homens devem buscar atividades, esportes e exercícios que lhe deem prazer no momento da execução para cuidar da saúde do corpo e, consequentemente, da mente.

 


2.    Fazer visitas periódicas ao médico

Ir ao médico é um compromisso adiável para grande parte dos homens. Eles evitam ao máximo ir ao consultório de um especialista, especialmente quando é necessário fazer um exame considerado embaraçoso.

 

O Novembro Azul, movimento dedicado à conscientização do câncer de próstata, foi criado justamente para encorajar homens a fazerem o exame todos os anos a partir de determinada idade. Um diagnóstico precoce garante mais sucesso no tratamento.

 

Sendo assim, não perca os seus encontros com os médicos. Mesmo quem não recebeu o diagnóstico de uma patologia deve ir ao médico para solicitar um check-up completo, especialmente após a idade avançada. Essas consultas periódicas são indispensáveis para a prevenção de doenças graves.

Já para quem está em tratamento as consultas são ainda mais importantes. Há diversos casos de homens que se recusam a dar continuidade a um tratamento importante por estarem com o ego ferido.

 


3.    Expressar sentimentos de forma produtiva

A maioria dos homens não é muito fã de dialogar sobre sentimentos. Tudo bem. Você não precisa necessariamente falar para se expressar. É possível extravasar sentimentos desgastantes por meio de atividades produtivas.

Elas podem ser um esporte coletivo ou individual, uma atividade criativa (pintura, música, carpintaria, escrita), uma volta no quarteirão ou um hobby bacana (leitura, montar quebra-cabeças, pescar, colecionar objetos).

O objetivo é transferir as emoções e os sentimentos conflitantes para essas atividades, criando algo do zero ou liberando-as através da movimentação do corpo.

Quando nem o diálogo nem a expressão sadia é feita, a tendência é ficar mal-humorado e criar conflitos desnecessários com pessoas amadas.

 




4.    Falar sobre o que sente

Ainda que existam outras formas de expressar os seus sentimentos, falar sobre o que lhe incomoda é uma das mais eficazes. Escolha alguém de confiança para desabafar quando estiver se sentindo irritado, cansado ou melancólico.

Falar sobre como você se sente não é um sinal de fraqueza nem de vulnerabilidade. Caso você tenha ouvido isso do seu avô, do seu pai ou de outra figura paterna importante em sua vida, compreenda que essa forma de pensar foi passada a eles por gerações anteriores.

Eles simplesmente aprenderam a reprimir emoções por não terem recebido instruções que sugerissem o contrário.

Você pode se distanciar desse modo de pensar se ele estiver lhe causando mal. Se você deseja se expressar de uma forma considerada não convencional para as suas figuras paternas, faça isso mesmo com a possibilidade de repreensões.

Falar sobre sentimentos não é somente uma forma muito natural de autoexpressão como também de tentar solucionar problemas. Um conselho de amigo pode lhe tirar de uma enrascada.

 




5.    Fazer terapia

Segundo o relatório da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, cerca de 69% dos homens brasileiros procuraram a terapia em 2018 enquanto 82% das mulheres fizeram o mesmo. Embora a porcentagem dos homens pareça expressiva, a diferença de preocupação com a saúde mental entre os gêneros ainda é alta.

Os homens normalmente se recusam a fazer psicoterapia ou não são totalmente honestos durante o processo por nutrirem crenças de que homens são naturalmente fortes e resistentes. Logo, não precisam “disso”.

A terapia é uma necessidade de todas as pessoas independente do gênero, da origem e da idade. Em qualquer momento da vida, você pode agendar uma consulta com um psicólogo e contar a ele as suas preocupações.

Além de ajudar a resolver questões emocionais e problemas do dia a dia, a terapia promove o autoconhecimento, a autoconfiança e a autoestima alta.

Esses fatores contribuem para uma vivência proveitosa e para a redução de conflitos interpessoais. Em outras palavras, os efeitos da terapia são sentidos a longo prazo.

Sendo assim, ela é uma ferramenta que deve ser utilizada pelos homens para o encontro efetivo com o bem-estar.

 


6.    Aprender a administrar o estresse

O estresse faz parte da rotina de praticamente todas as pessoas. Não importa onde vivem e que tipo de trabalho fazem, em algum momento elas se sentem sobrecarregadas e estressadas.

Os homens costumam sofrer com o estresse no ambiente profissional e com preocupações relacionadas a vida financeira.

Como em muitos lares o homem ainda é o único provedor, a responsabilidade de suprir as necessidades da família é dele.

O dinheiro precisa entrar para que os familiares possam comprar comida, vestimentas e itens de higiene pessoal, além de terem acesso a oportunidades.

Já no trabalho, o excesso de responsabilidade e os expedientes longos são as maiores causas desse mal-estar.

Para evitar a sobrecarga e um posterior colapso mental, os homens precisam aprender a administrar o estresse. Eles podem fazer isso ao adotar “remédios caseiros”, como meditação, caminhada e técnicas de relaxamento.

Além disso, a terapia pode fornecer o conhecimento que lhes falta sobre gerenciamento de emoções.




terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Saúde mental é tema no ENEM

O tema da redação do ENEM foi "o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira". Comento a abordagem e os textos motivadores nesse vídeo. Já adianto: foi tudo excelente. Parabéns ao ENEM! por Psiquiatra Fernando Fernandes.


PSICÓLOGO AMGO OU AMIGO PSICÓLOGO

  Na delicada dança das relações humanas, um verso inesperado ecoa: "Muitas vezes não se quer um psicólogo, e sim um amigo." Essa...