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domingo, 8 de junho de 2025

A Linguagem de Deus - Francis Collins (2007)

Exercício de resumo na formação de especialista em docência de filosofia e teologia...





Qual a línguagem de Deus?

Abilio Machado

Resumo

O livro de Collins pretende responder se é possível ou não a harmonia entre descobertas científicas e a existência de Deus. Ao avaliar essa questão, a Gênesis é questionada e, após análise teológica superficial, ele conclui que o relato inicial do primeiro livro da Bíblia é uma alegoria poética da criação. O capítulo sete é uma avaliação de duas posturas sobre a relação entre fé e ciência: ateísmo e agnosticismo.

No primeiro caso, o autor rebate as contradições levantadas por Richard Dawkins, professor de Oxford e autor de uma série de livros contra toda postura religiosa na sociedade moderna e na ciência. A resposta dada a Dawkins é que suas afirmações se baseiam no que as pessoas fazem da religião e não em sua essência propriamente dita: “É muito fácil para Dawkins atacar a caricatura da fé que ele nos apresenta, mas não se trata da fé real”.

Quanto ao agnosticismo, afirma o escritor: “Embora o agnosticismo seja uma posição cômoda para muitos, do ponto de vista intelectual ele transmite certa fragilidade. Será que iríamos respeitar alguém que insistisse em dizer que a idade do universo não pode ser conhecida nem parou para verificar as evidências?”. Mas, fingir que o problema não existe não significa resolvê-lo.

Nos capítulos oito e nove, Collins trata do criacionismo e do desígnio inteligente, mas não apoia nenhuma das duas posições. Sua objeção ao criacionismo prende-se à literalidade do Gênesis e sua falta de explicações para algumas evidências genéticas, apresentadas em seu livro, favoráveis à evolução. Diz ele: “Assim, de acordo com a lógica racional, o criacionismo da Terra Jovem chegou a um ponto de falência intelectual, tanto em sua ciência quanto em sua teologia. Sua insistência é, assim, um dos maiores enigmas e uma das maiores tragédias de nosso tempo. Ao atacar as bases de praticamente cada ramificação da ciência, ele amplia a ruptura entre as visões de mundo, científica e espiritual, justamente numa época em que se necessita desesperadamente de um caminho em direção à harmonia”.

A força de tal afirmação não condiz com a fraqueza dos argumentos, pois o melhor caminho para a harmonia não está em tornar o Gênesis uma representação poética já que, em termos de análise teológica completa, sua literalidade pode ser defendida. Explicar um fenômeno não implica falsidade de uma teoria, mas pode implicar compreensão incompleta. Há inúmeras situações para as quais a teoria da evolução não tem explicação completa, mas o cristianismo apresenta uma resposta cientificamente fundamentada. Exemplo disso é a explosão do Cambriano, que pode ser explicada por uma catástrofe global como o dilúvio bíblico.

Ao tratar do desígnio inteligente, sua atenção se concentra na ausência de previsões científicas dessa teoria e em “imperfeições” em determinados organismos humanos, como o dente siso, a coluna e o olho. Contudo, suas afirmações não explicam o processo ocorrido para atingir a formação de determinados organismos complexos, e ignora que vários órgãos considerados sem importância, as “imperfeições”, tiveram suas funções compreendidas.

No fim do livro, Collins propõe uma posição chamada por ele de “BioLogos”, na qual afirma a existência de Deus, mas Sua ação na criação e no desenvolvimento do universo ocorreu por meio de um processo lento, de bilhões de anos de auto-organização, com base na teoria do Big Bang e na teoria da evolução. Sua postura contrasta com a exigência de critérios e cientificidade apresentadas no livro, pois relega Deus a um papel secundário na criação.

Avaliação Crítica

Não se pode negar que Francis Collins seja um cientista de primeira linha. O fato de ter alcançado o posto de diretor do Projeto Genoma lhe deu muita visibilidade e certamente teve peso determinante nas vendagens de sua obra. Apesar disso, seu conceito de BioLogos não ganhou tanta aceitação e difusão como o Design Inteligente. Contudo, apesar de sua reputação como cientista, seus argumentos a favor da existência de Deus não vão muito além do que a teologia liberal havia colocado há mais de um século. Mas ele tem o mérito de não ser fundamentalista. Collins não quer usar a ciência para provar o Gênesis, reconhece a veridicidade e importância do evolucionismo como fundamento da ciência moderna, aceita os pressupostos do Big Bang, é arredio com relação a teorias pseudocientíficas como o Design Inteligente e não pretende transformar seu BioLogos em algo semelhante.

Contudo, não justifica sua afirmação de que o ateísmo é a menos racional das visões possíveis sobre o mundo e nesse ponto parece cair na mesma armadilha de qualquer cristão não cientista: o ateísmo tende a ser amoral, é perigoso e nega a “óbvia” existência de um criador. É redutivo e excessivamente sintético quando fala do agnosticismo, como se estivesse evitando escrever sobre as concepções pelas quais não têm empatia. No final, o que fica da leitura de sua obra é que ele sempre foi um homem profundamente religioso e, movido pela necessidade pessoal de encontrar um sentido para a existência fora das pesquisas de laboratório, fez um esforço hercúleo para conciliar seu teísmo com a ciência. Em toda a obra, apresenta basicamente duas evidências a favor da existência de Deus: a Lei Moral de C.S. Lewis e a crença espiritual presente em virtualmente todas as culturas. Para ele, essa é a linguagem de Deus, inscrita de forma sutil, mas indelével na genética humana, cujo mapeamento (genoma) ele ajudou a decifrar.

Sua tentativa de estabelecer um diálogo entre a religião e a ciência, em que a primeira não precisa invalidar a segunda quando se sente ameaçada por ela, é uma iniciativa elogiável. Collins pode não ter sido um ateu muito seguro na juventude, mas o fato de ter se afastado da religião por um tempo e escolhido uma carreira científica deixou marcas positivas. No fundo, seu Deus evolucionista também não deixa de ser um Deus de lacunas, e, como todos os deuses, foram criados por ele mesmo para suprir suas necessidades particulares. Collins é um religioso que atravessou muitos conflitos internos até escolher entre a fé o ceticismo, talvez por isso não se sinta bem em falar do ateísmo, mas precisou sufocar sua descrença para dar sentido à vivência de uma espiritualidade mística.

Aplicação Prática

Se houvesse apenas uma crença baseada em evidências, não existiriam as guerras religiosas, responsáveis pelas maiores atrocidades cometidas na historia da humanidade. Se todos pensassem da mesma forma, baseados em evidencias (o que seria ainda melhor, porque garantiria ao menos que esse pensamento estaria correto), não haveria discórdia. E um cientista dizendo que isso seria desinteressante é um argumento triste.

Acho engraçado dizer que Deus nos deu o livre arbítrio para acreditarmos no que quisermos, mas se não acreditarmos nele, então seremos punidos. Onde se aplica este livre arbítrio? E se Deus é o superior, sabe o quão “involuídos” espiritualmente nós somos e, por isso, olharia para nós com compreensão se decidíssemos não acreditar nele e não com sentimento de punição, mais uma vez, essencialmente humano.

Por todos esses motivos, não acredito no Deus, essencialmente humano, da bíblia, pois, as histórias lá contadas são fruto da imaginação ou da fraude de homens que precisavam de um argumento de poder para liderar, especialmente no velho testamento - não se pode simplesmente ignorar aquele Deus que agia como humano e dizer que no novo testamento, ele se redimiu e começou a pregar a bondade para com todos, além de seu povo. Se a bíblia fala de um Deus onipotente, então é nesse único soberano, essencialmente humano, em quem não acredito.

O que os cristãos não entendem é que não acreditar no Deus da bíblia, não me impede de acreditar, pois, posso acreditar na existência de um ser superior envolto de amor, que não seja o deus da bíblia. Seria um ser superior com uma genuína preocupação com um quase semelhante (em termos evolutivos) que eventualmente teria interesse em nos ajudar a passar por essa fase tão primitiva em que nos encontramos onde Ele já superou há muito tempo. Para mim esse seria o Deus mais lógico para qualquer cientista: uma criatura tão evoluída que para nós, pode ser designada como “Deus”, porém, que está de acordo com a ciência da evolução e com as observações empíricas que fazemos.

Porque não pode haver existência de algum tipo de vida após a morte, mas que continue evoluindo nos mesmos padrões que observamos no mundo físico? Se o bóson de higgs, descoberto recentemente, apresenta uma variante da teoria do surgimento do universo, indicando que ainda antes do big bang, houve uma outra fase de interação da matéria com o imaterial, porque o oposto não pode acontecer quando a nossa matéria morre e talvez ainda continue existindo algum tipo de matéria que nos caracterize? E que vai continuar seu caminho evolutivo ou não, da mesma forma que a matéria sem depender da interferência de um poder criador, mas de combinações de circunstâncias e eventos físicos (lembrando que a física teórica também se aplica à “imatéria”). Einstein já dizia que matéria e energia (imatéria) são intercambiáveis, então o que impede de descobrirmos que a matéria vira energia consciente após a morte?

Acho engraçado que quando se fala de Deus e religião, a fé não precisa ser provada e não pode ser questionada, mas quando a situação se inverte, os primeiros a exigirem provas são os exageradamente “crentes”. O autor diz que os milagres são raros, mas para quem acredita num Deus interventor, eles existem e para quem não acredita, eles podem ser explicados pelas leis da natureza e então o autor lança a pérola “pode, porém, esse ponto de vista ser totalmente confirmado?”, ou seja, se as leis da natureza não explicam tudo, só pode ser uma intervenção divina.

Mesmo que a ideia que você vai defender seja baseada em fé, os princípios dessa fé não podem se contradizer para ter sentido porque a questão é justamente que a lógica não pode ser afastada nem dos que alegam que a fé não precisa de provas, mesmo uma premissa que se afirme por si só (independente de provas) precisa seguir uma coerência lógica com o raciocínio que vier depois (seja qual for) e isso que muitos crentes não entendem embora o autor, em muitos trechos do livro tenha buscado essa coerência, rejeitando o criacionismo bíblico literal e outras teorias absurdas que tentam explicar a fé em deus interventor.

O autor ataca o ateísmo porque diz ser “uma posição logicamente indefensável”, mas quase defende o agnosticismo, por ser “compatível com a teoria da evolução e muitos biólogos se colocariam nesse campo”. Se o agnosticismo é compatível com a teoria da evolução, porque o cristianismo também seria? O problema é que ele se força a tomar uma posição frente os dados que temos hoje, o que pode levar a uma conclusão forçada por medo de ficar em cima do muro e vir a ser punido. Preciso discordar do seu comentário quando diz que “é raro ver um agnóstico que se empenhou em avaliar todas as evidências favoráveis e contrárias à existência de deus”.

Não acho justo encarar o agnosticismo como covardia. Se uma pessoa não considera suficientes nenhum dos argumentos apresentados, por que deve ser obrigada a escolher algum, ao invés de esperar pelo surgimento de outro melhor? A ciência e a própria filosofia humana progridem a cada dia e quem garante que no futuro não existirá uma explicação melhor e mais aceitável pra mim, do que as que existem hoje? Chamar agnosticismo de covardia é querer incutir na mente do outro as próprias convicções, típico da natureza do ser humano, mas inválido como argumento.

Enfim, a tentativa do Collins de harmonizar seu trabalho científico (de grande valor) à sua crença religiosa é falha, pois os maiores argumentos usados (lei moral do homem, universo vindo do nada e universo “certo” para o homem) já foram longamente refutados por vários pensadores. A verdade é que a crença no Deus da bíblia continua sendo uma escolha, que também não resiste a argumentos lógicos e comumente apela para a “fé cega”, que não precisa de provas. O que os crentes não entendem é que todo sistema de crenças (seja ele baseado em fé ou não) deve ter coerência em suas premissas, o que não acontece com a fé no deus da bíblia. Não é uma questão de impor a razão à fé, mas de pretender qualquer raciocínio lógico sobre as próprias premissas daquela fé. Os crentes têm dificuldade de entender isso, mas a verdade é que suas premissas são contraditórias por si mesmas independente da fé ser provada ou não.


Bibliografia

Collins, F. C. (2007). A Linguagem de Deus. Editora Gente.







segunda-feira, 29 de maio de 2023

"Me sinto castrado pela minha igreja"

 


"Me sinto castrado pela minha igreja"

texto Abilio Machado

"Me sinto castrado pela minha igreja" é um tena que evoca uma análise psicológica profunda sobre a influência da religião na vida de uma pessoa e o impacto emocional que pode surgir quando há um sentimento de restrição ou limitação imposto pela instituição religiosa.


Do ponto de vista psicológico, esse tema nos leva a explorar o conflito interno e a sensação de restrição que uma pessoa pode experimentar ao se sentir castrada pela sua igreja. A castração, nesse contexto, não se refere apenas à dimensão física, mas sim a uma perda de autonomia, liberdade ou expressão pessoal que pode ser imposta pelas crenças e normas da instituição religiosa.


Quando uma pessoa se sente castrada pela sua igreja, isso pode gerar um conflito entre suas próprias necessidades, desejos e valores individuais e as expectativas e restrições impostas pela religião. Essa tensão pode resultar em sentimentos de repressão, culpa, inadequação ou até mesmo uma crise de identidade.


A análise psicológica desse título nos convida a explorar as dinâmicas psicológicas e emocionais envolvidas nesse conflito. Pode ser um momento de questionar as crenças e valores pessoais em relação àqueles transmitidos pela igreja, bem como examinar as razões subjacentes para se identificar com essa instituição religiosa em primeiro lugar.


É importante lembrar que a experiência de se sentir castrado pela igreja pode variar de pessoa para pessoa. Algumas podem se sentir oprimidas pelas regras rígidas e moralidades estabelecidas, enquanto outras podem sentir que sua individualidade e autonomia estão sendo suprimidas pela hierarquia e pela estrutura institucional. Cada experiência é única e merece ser respeitada.


Um exercício psicológico relacionado a esse título é a prática da autorreflexão e do questionamento. Reserve um tempo para refletir sobre sua relação com a igreja, suas crenças e os sentimentos que surgem ao se sentir castrado. Pergunte a si mesmo: "Quais são os valores e crenças que são verdadeiros para mim? Em que aspectos sinto uma restrição pela igreja? Como posso encontrar um equilíbrio entre minha identidade pessoal e minha prática religiosa?".


Além disso, buscar apoio psicológico de um profissional especializado pode ser benéfico para navegar esse conflito interno, fornecendo um espaço seguro para explorar suas emoções e ajudando a desenvolver uma compreensão mais clara de suas necessidades e desejos individuais.



"Me sinto castrado pela minha igreja" explora a tensão entre a liberdade pessoal e as restrições impostas pela instituição religiosa. Esse processo de autorreflexão e busca por autenticidade pode ser apoiado pelo aconselhamento profissional para uma maior compreensão e bem-estar emocional. É essencial respeitar e honrar as experiências individuais de cada pessoa ao enfrentar esse desafio emocional e psicológico, reconhecendo a importância da autenticidade e do autocuidado na busca por um senso de identidade e propósito que seja verdadeiro para si mesmo.


Além disso, é válido ressaltar que cada pessoa tem o direito de encontrar sua própria espiritualidade e conexão com o divino de uma forma que seja significativa para ela. Se sentir castrado pela igreja não implica necessariamente em uma rejeição completa da espiritualidade, mas sim em questionar e buscar uma expressão mais alinhada com sua essência e valores.

É fundamental também considerar o impacto social e cultural da religião na vida de uma pessoa. A igreja pode ter um papel central na estruturação da identidade individual e comunitária, e se afastar dela pode resultar em uma sensação de isolamento, perda de pertencimento ou julgamento social. Essas questões sociais devem ser levadas em conta durante o processo de análise psicológica e tomada de decisões.

O suporte de um profissional da área de saúde mental pode ser extremamente valioso nesse processo de análise e transformação. Um psicólogo ou terapeuta pode ajudar a explorar os sentimentos de castração, trabalhar a autoaceitação, fortalecer a autoestima e desenvolver estratégias para lidar com as possíveis consequências emocionais e sociais desse desprendimento da igreja.

Este tema nos convida a uma análise psicológica profunda sobre a influência da religião na vida de uma pessoa e os sentimentos de restrição, conflito e busca por autenticidade que podem surgir. Através da autorreflexão, apoio profissional e cuidado consigo mesmo, é possível encontrar um equilíbrio entre a busca espiritual individual e a reconciliação com a própria identidade. É uma jornada de autodescoberta, empoderamento e liberdade para viver de acordo com os valores e propósitos pessoais.

E você que acabou de ler  tem ou teve pensamentos assim, de que está sendo castrado nos pensamentos, ações e funções... Se sim, comente, deixe a sua impressão... se gostou do texto, siga, deixe seu like, comente, compartilhe...


quinta-feira, 9 de junho de 2022

TA - Transtorno de Ansiedade. Conheça alguns sintomas que merecem sua atenção...


Transtornos de Ansiedade

Ansiedade: conheça alguns sintomas que merecem sua atenção...


Ansiedade é um termo geral para vários distúrbios que causam nervosismo, medo, apreensão e preocupação.


A ansiedade é uma reação que todo indivíduo experimenta diante de algumas situações do dia a dia, como falar em público, expectativa para datas importantes, entrevistas de emprego, vésperas de provas, exames de saúde entre outras.


Contudo, algumas pessoas vivenciam esta reação de forma mais frequente e intensa, que pode ser considerada patológica e comprometer a saúde emocional.


Como saber quando a ansiedade normal ultrapassa os limites e pode ser considerada um transtorno? Confira mais no texto abaixo.


Ansiedade e Medo


De acordo com o DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais) os transtornos de ansiedade incluem aqueles que compartilham características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionadas.


Assim, medo é a resposta emocional à ameaça iminente real ou percebida, enquanto ansiedade é a antecipação de ameaça futura.


O medo é com mais frequência associado a períodos de excitabilidade aumentada, necessária para luta ou fuga, pensamentos de perigo imediato e comportamentos direcionados a escapar de alguma situação. 


Os ataques de pânico se destacam dentro dos transtornos de ansiedade como um tipo particular de resposta ao medo.


Como controlar a ansiedade?


Aprendemos a controlar a ansiedade quando descobrimos seus gatilhos emocionais. Desse modo, uma das melhores ferramentas atuais para lidar com os momentos ansiosos é a psicoterapia.


É possível identificar gatilhos por conta própria ou com o terapeuta. Às vezes, podem os caminhos são óbvios, como o consumo excessivo de cafeína, álcool ou cigarro. Outras vezes, eles podem ser menos óbvios.


Eventualmente, problemas de longo prazo como dificuldades financeiras ou relacionadas ao trabalho podem levar algum tempo até serem descobertos.


Assim, podemos ser impactados por uma data de vencimento, uma pessoa ou a situação e não percebermos. Isso pode exigir algum apoio extra, por meio da terapia, ou com amigos e mentores.


Quando você descobrir seu ou seus gatilhos, tente limitar sua exposição, se puder. Entretanto, se você não consegue ou não pode reduzir o contato, como no caso de um ambiente de trabalho estressante, que não pode ser alterado no momento, o uso de outras técnicas de enfrentamento pode ajudar.


O que caracteriza o transtorno de ansiedade?


Os transtornos de ansiedade se diferenciam do medo ou da ansiedade normais, adaptativos,  por serem excessivos ou persistirem além de períodos apropriados ao nível de desenvolvimento.


Assim, eles diferem do medo ou da ansiedade provisórios, com frequência induzidos por estresse, por serem persistentes.


Quais são os Sintomas de ansiedade?


Veja quais são principais sintomas que podem estar relacionados a transtornos de ansiedade, e merecem atenção:


Enxergar perigo em tudo;

Apetite desregulado;

Alterações de sono;

Tensão Muscular;

Medo de falar em público;

Preocupações em excesso;

Ficar sempre próximo de ataques de nervos;

Medos irracionais;Inquietação constante;

Sintomas físicos;

Pensamentos obsessivos;

Perfeccionismo;

Problemas digestivos.


Veja mais detalhes sobre cada um deles abaixo!


1 – Enxergar perigo em tudo


Indivíduos com transtornos de ansiedade em geral superestimam o perigo nas situações que temem ou evitam. Da mesma maneira, o medo ou a ansiedade são excessivos ou fora de proporção.


Você já conheceu alguma pessoa que não viaja de avião por que tem medo de acidente aéreo? Está sempre pensando que o avião vai cair? Já imagina inclusive a cena de luto?


Outro exemplo é alguém que passa por um procedimento ou exame médico simples e teme ter uma doença grave ou ficar incapacitado após o exame. Em casos mais extremos chega até a cogitar a possibilidade de morrer no procedimento.


2 – Apetite desregulado


Não faltam casos de pessoas que encontram na comida uma solução para seus problemas emocionais. Isto é, ao menor sinal de preocupação você recorre ao brigadeiro, a um docinho ou qualquer outro alimento para aliviar a tensão.


Em geral, mastigam pouco o alimento e ingerem grande quantidade de comida em pouco tempo.


Comer indiscriminadamente, sem fome, por ansiedade, estresse ou outra emoção negativa é um sinal de alerta. E cuidado! Esta atitude também pode desencadear uma compulsão alimentar. 


3 – Alterações de sono


Sentem dificuldade para dormir ou apresentam episódios de insônia em vésperas de reuniões importantes e eventos. Não conseguem se desligar do que fizeram ao longo do dia no trabalho e passam a noite processando o que farão no dia seguinte.


Algumas vezes chegam a sonhar e despertar pensando em soluções possíveis para determinada questão.


4 – Tensão muscular


É comum sofrer com dores nas costas, ombros e nuca. Os músculos do pescoço ficam travados e a dor é tanta que mal dá para virar de lado.


Essa tensão muscular, quase constante, geralmente acompanha os transtornos de ansiedade. Quanto maior a preocupação e o desânimo, maior a possibilidade de transferir as tensões para a região cervical. 


5 – Medo de falar em público


Somente ao pensar na necessidade de realizar uma apresentação para uma plateia sinais como sudorese excessiva, mãos geladas, taquicardia, falta de ar e respiração ofegante aparecem.


Esse medo pode estar relacionado às preocupações com o ego, receio de julgamento e a apreensão, o que aumenta a ansiedade.


6 – Preocupações em excesso


Estão sempre preocupados com o futuro. Ainda mais em épocas de crise econômica, é comum ver pessoas pensando na manutenção do emprego.


A preocupação excessiva é uma fonte direta de dores de cabeça, úlceras, ansiedade e stress, podendo inclusive afetar o sistema imunológico.


Além disso, essa angústia e o volume de detalhes para pensar afeta muito a atenção da pessoa com ansiedade, o que faz com que seja difícil se focar.


Assim, ela perde eficiência em suas atividades diárias, e isso amplia as preocupações, tornando tudo um ciclo que pode gerar desespero e outros problemas.


7 – Ficar sempre próximo um ataque de nervos


Pessoas que estão a ponto de entrar em um ataque de nervos, podem passar da euforia ao pranto rapidamente.  Sintomas como irritabilidade e mudanças de humor repentinas, sem explicação aparente, surgem em momentos de maior pressão e estresse.


8 – Medos irracionais


Medos de estar perdendo alguma coisa, de não ser bom o suficiente, medo do fracasso, pânico de ficar sozinho ou de não ser aceito também perseguem pessoas ansiosas.


Campeões de autocrítica, são os primeiros a não se sentir capazes o suficiente para concluir uma determinada atividade. O excesso de medo pode comprometer a segurança nas relações pessoais, seja no trabalho ou na família.


9 – "Inquietação constante" 


Dificuldade de concentração, inquietação e fadiga. O indivíduo apresenta uma angústia intensa, não consegue ficar quieto, caminha de um lado para o outro, desespera-se.


Fatores que geram grande desconforto ao atrapalhar a conclusão de uma tarefa, além de afetar a qualidade de vida da própria pessoa e também de quem está ao seu lado.


10 – Sinais físicos


Nos momentos de ansiedade, podem surgir sintomas físicos que vão além das dores musculares:


tremores;

cansaço;

sensação de falta de ar ou asfixia;

coração acelerado;

suor excessivo;

mãos frias e suadas;

boca seca, tontura;

náuseas;

diarreia;

desconforto abdominal;

ondas de calor;

calafrios;

micção frequente;

dificuldade para engolir;

sensação de engasgo.


11 – Pensamentos obsessivos


O pensamento obsessivo é uma incapacidade de ganhar controle sobre pensamentos e imagens, angustiantes e recorrentes. Estudos de imagem cerebral indicam que está associado a uma disfunção neurológica de causa desconhecida que força os pensamentos em ciclos repetitivos.


Dessa forma, o pensamento obsessivo também pode estar associado a transtornos do humor, incluindo distimia, depressão e transtorno bipolar. É também o sintoma definidor de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), Transtorno de Pânico e muitas outras condições psicológicas.


12 – Perfeccionismo


O perfeccionismo caracteriza-se pela insistência em estabelecer padrões altos e pela busca incessante em alcançá-los.


De fato, os perfeccionistas muitas vezes têm alto desempenho – mas o preço desse sucesso pode ser a infelicidade e insatisfação crônicas. O perfeccionismo excessivo pode estar fortemente ligado ao medo de errar e a comportamentos de autossabotagem, como a procrastinação.


Desse modo, como a perfeição é algo praticamente impossível de se atingir, pessoas perfeccionistas acabam sofrendo com a ansiedade por não conseguir atingir o objetivo estabelecido.


13 – Problemas digestivos


Um sistema muito afetado pelo estresse e ansiedade é o gastrointestinal. Dores, má digestão, mal-estar no abdômen, diarreia e azia são alguns dos sinais.


Consequentemente, ansiedade excessiva e estresse agudo podem alterar as funções gastrointestinais por meio do sistema nervoso.


Como consequência dessas alterações podem surgir úlceras, gastrites, doenças inflamatórias, refluxo gastroesofágico e síndrome do intestino irritável.


"Estratégias para controlar a ansiedade"


Controlar a ansiedade é um desafio, mas existem estratégias, recursos e até mesmo mudanças que você pode fazer em seu dia a dia que vão auxiliar com isso!


Separei alguns abaixo. Veja:


"Sessões de Psicoterapia"


A Psicoterapia é um processo que pode ajudar, e muito, os indivíduos que sofrem com ansiedade. É um tratamento colaborativo baseado na relação entre um indivíduo e um psicólogo.


Baseado em diálogo, ele fornece um ambiente de apoio que permite falar abertamente com alguém que é objetivo, neutro e sem julgamento.


Você e seu psicoterapeuta trabalharão juntos para identificar e mudar os padrões de pensamento e comportamento que o impedem de sentir o seu melhor, aumentando o autoconhecimento e a resiliência.


Uma das abordagens bastante eficientes no tratamento de quadros ansiosos é a Terapia Cognitivo Comportamental, que tem uma atuação bastante focal e direta.

"Sessões de Arteterapia"

A descoberta é prática de seus talentos, junto a seu Arteterapeuta, irá provocar através da arte seus sentimentos,  buscar resignificações ao que em ti incomoda ou limita. A busca destas libertações através da arte, na expressividade artística, num poema, num conto, num livro, num rabisco,  desenho ou pintura, uma quadro. Unindo tema, habilidade e terapia. Podendo começar pelo básico da escrita através de um diárioterapia, de observação de si e dos outros.


"Praticar atividade física"


Reserve um tempo para uma caminhada, corrida ou qualquer atividade física que te proporcione prazer.


Atividade física realizada de forma regular ajuda a fortalecer o sistema imunológico, prevenir doenças cardiovasculares e obesidade. Igualmente, ela aumenta o bem-estar, a disposição para atividades do dia a dia e a produtividade no trabalho.


Também diminui a insônia e melhora a saúde mental, prevenindo a depressão. Entretanto, se você é do tipo competitivo, estabeleça uma meta, como por exemplo correr uma prova de 5 ou 10 km. 


Como resultado, a prática frequente de atividade física regula o sono, pois a prática de exercícios libera endorfina, que proporciona bem-estar e diminui a ansiedade e o estresse.


"Praticar meditação"


Neurocientistas já comprovaram que a prática de meditação contribui para aumentar a região do córtex pré-frontal esquerdo, região responsável pelo sentimento de felicidade.


Assim, cinco minutos diários para observar a respiração já são eficientes para o começo. Se possível estimule sua equipe a meditar também, os ganhos serão enormes.


Mindfulness é uma das intervenções mais eficientes para reduzir o estresse e o sistema imunológico. Eu gosto bastante e uso o Headspace.


Inclusive, descobri recentemente o app da Vivo Meditação, já em português. Quem sabe você não começa a meditar hoje mesmo?


"Ouvir música"


A música ajuda relaxar, extravasar, expressar, dançar, celebrar, interiorizar, descansar… Ainda mais no Brasil, onde a narrativa social e o cotidiano são musicais.


Ela é um elemento terapêutico por excelência. É algo medicinal e sem contra-indicações. Quando foi a última vez que você curtiu sua música preferida?


"Manter uma alimentação saudável"


Um cérebro saudável é a primeira linha de defesa contra a ansiedade, depressão e outros transtornos do humor.


De fato, algumas vitaminas são necessárias para a formação de neurotransmissores que estimulam o bom humor, enquanto outras fornecem energia para células cerebrais ou as protegem de danos. Assim como os nossos órgãos, o nosso cérebro precisa de certas vitaminas para funcionar normalmente.


Todos passamos por momentos de ansiedade e stress. Se forem muito frequentes ou muito intensos, podem indicar a necessidade de auxílio de profissionais especializados.


Fontes:

Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais 5.ª edição (2013)


Site: www.health.com


Precisa de apoio psicoterapêutico ou conhece alguém que precisa ? 


ABILIO MACHADO 
PSICOARTETERAPEUTA 





Transtornos de Ansiedade 





quarta-feira, 27 de abril de 2022

A morte é inevitável...


 Se você está passando por alguma fase do luto, seja pela perda do que for, pois cada um sabe o quanto dói aquela perda, não passe isso sozinho(a) procure ajuda, sempre haverá um profissional disposto a ajudá-lo.

PSICÓLOGO AMGO OU AMIGO PSICÓLOGO

  Na delicada dança das relações humanas, um verso inesperado ecoa: "Muitas vezes não se quer um psicólogo, e sim um amigo." Essa...