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domingo, 8 de junho de 2025

O PENSAMENTO SISTÊMICO EM PSICOLOGIA

O PENSAMENTO SISTÊMICO EM PSICOLOGIA

por Abilio Machado 





INTRODUÇÃO




Ser Sistêmico...



Quando aprendemos a pensar sistematicamente, já temos o resultado de um processo que envolve liberdade, escolhas, ética, ecologia, amor e paz.

Pensar sistematicamente é contar uma nova narrativa sobre nós mesmos. “Pensar sistematicamente é desenvolver uma atitude ética baseada no amor.

Telma P Lenzi




RESUMO




No final do século XIX, a família brasileira recebeu grande influência da família



burguesa européia da qual era remanescente do capitalismo e das relações sociais vigentes na época. Destacava-se na classe média urbano o modelo de família ideal, com o homem provedor da casa e a mulher responsável pelos filhos, excluindo-a da produção.

Em meados da década de 1950, surgiu o movimento de atendimento conjunto à família, sendo esta considerada e pensada como uma unidade. Foi por volta dos anos 60, nos Estados Unidos, que este modelo de terapia familiar teve início. Levando assim, a Psicologia a utilizar o pensamento sistêmico, que advém da física quântica nas suas ultimas forças da Psicologia Humanista e Psicologia Transpessoal.

Pensamento sistêmico, refere-se a uma nova visão de mundo que enfatiza o interesse pelas relações. Como ciência a Psicologia estuda o comportamento humano e este inserido numa grande rede relacional. O individuo nasce faz parte de sua família primária, que educa, influência, transmite crenças e valores, etc., logo a escola vai fazer parte de outra relação que é a escola onde sofre influência de grupos de amigos, lazer, grupos religiosos, o que amplia sua rede de relações. Envolvido o indivíduo neste meio de alguma forma será influenciado para estruturar sua personalidade. Dependerá das relações onde o indivíduo está inserido o comportamento do mesmo.

Diante dessas afirmações o pensamento sistêmico é um novo paradigma da ciência, uma idéia que já vinha sendo cogitada e trás implicações revolucionárias e profundas no âmbito científico e também repercute no âmbito pessoal.



Neste novo paradigma o universo então, é visto como uma teia dinâmica de eventos inter- relacionados com um objetivo comum. A concepção sistêmica vê o mundo em termos de relações e integração. Os sistemas são totalidades interligadas, cujas propriedades não podem ser reproduzidas a unidades menores.

Outra característica desse pensamento é o princípio do diálogo que articula e une conceitos focaliza possíveis relações entre disciplinas e efetiva contribuições entre elas o qual é denominado de interdisciplinaridade. Para embasar o pensamento sistêmico, deve-se fazer uma retrospectiva histórica.

Os primeiros estudos da psicologia remontam a Grécia em torno de 500 anos a.C. através de Sócrates, Platão e Aristóteles. Esses filósofos enfatizaram a racionalidade do homem e a imortalidade da alma. Na idade média a psicologia foi evidenciada através de Santo Agostinho e São Tomas de Aquino. Porém foi no renascimento, através de Descartes que foi enfatizado o conceito de dualidade do corpo e mente que favoreceu o nascimento da psicofisiologia, no século XIX. O que veio a influenciar a visão do homem dando enfoque mecanicista na ciência através de uma metodologia determinista com pretensões explicativas, o que gera o método analítico.

No período de 1832 a 1860 na Alemanha a psicologia se desvincula da filosofia e se torna uma ciência tendo como objeto de estudo o comportamento, a vida psíquica e a consciência.

Durante o século XX, a psicologia havia adquirido varias escolas com linha de pensamento controversas, como o estruturalismo, o funcionalismo, o behaviorismo, a psicanálise e a psicologia humanista.

Para podermos discutir a forma com que estas escolas viam o homem, é necessário voltar ao discurso analítico de Rene Descartes, que influenciou todas as ditas ciências modernas, colocando como importante aquilo que poderia ser provado e visto, e descartando os conteúdos que não eram possíveis de ser experimentados e reproduzidos.

Dentro disto tínhamos a escola behaviorista, que via o homem formado por estímulos que eliciavam respostas, moldando o ser dentro destas relações, e a psicanálise, onde eram analisados pensamentos de forma racional para todos os processos da psique. Estas duas linhas tinham visões diferentes do homem, mas ao serem analisadas apenas levavam em consideração um lado do homem, usando de uma visão fragmentada e, portanto insuficiente para a compreensão deste.



O homem é um ser biopsicosocial e espiritual, e a cisão sistêmica trás a importância desta visão como um todo. Não podemos analisar as situações que envolvem os indivíduos de uma sociedade sem entendermos como as situações psicológicas alem a parte biológica deste ser, como a sociedade em que ele vive influencia estas relações psicológicas, atribuindo valores e metas para o individuo, e como a espiritualidade dele ajuda na visão de mundo, alem de muitas outras relações.

A Teoria Sistêmica tem suas origens na física quântica, a partir da mudança na visão de mundo, onde passou-se da concepção linear-mecanicista de Descartes e Newton para uma visão holística e ecológica. O termo holístico, refere-se a uma compreensão da realidade em função de totalidades integradas, cujas propriedades não podem ser reduzidas a unidades menores.

A partir da nova ciência a família passa a ser considerada um sistema aberto, devido ao movimento dos seus membros dentro e fora e de uma interação uns com os outros e com sistemas extrafamiliares (meio-ambiente, comunidade, etc). As ações e comportamentos de um dos membros influenciam e simultaneamente são influenciados por comportamentos de todos os outros.

Para física quântica o universo é considerado um organismo que vive pulsando denominada respiração cósmica, semelhante ao corpo humano. O cosmo é um sistema em movimento, vivo orgânico, espiritual e material. A noção de espaço e tempo como também causa e efeito perde seu significado. A natureza humana é vista na sua totalidade, interdependentes, sistêmica em conexão com o cosmo.

Voltando a Psicologia o que verificamos que a inserção do pensamento sistêmico surge na terceira força denominada de Psicologia Humanista que enfatiza

a compreensão da existência humana, a busca do sentido de vida, o homem inserido numa teia de comunicações repleto de possibilidades. Enfatizando uma visão holística do ser humano. Daí surge à quarta força denominada de Psicologia Transpessoal, considerada um desdobramento da Psicologia Humanista tendo como principal preocupação às experiências dos indivíduos em outros níveis de consciência que transcendem o ego. Possuindo como embasamento toda a visão sistêmica que se origina da física quântica. Gerando então o método sintético.

O método sintético oriundo do pensamento sistêmico serviu com embasamento para a consolidação da quarta força em psicologia denominada Psicologia Transpessoal. Para os cientistas transpessoal o desenvolvimento espiritual vai fornecer novas opções de vida para o individuo, mas não despreza o caráter interativo do ser humano com o



seu ambiente. Apenas amplia essa visão para uma natureza macro que vai além do planeta, mas ao cosmo. A visão de homem é de um ser multidimensional formado pela mente, corpo, interação social e espiritual. Isso de uma maneira integrada, orgânica e total.




CONCLUSÃO




Dentro da ótica de uma terapia sistêmica encontram-se hipóteses que os seres humanos, no intercâmbio uns com os outros, realizam adaptações mútuas: exemplos, uma reunião entre amigos, faz convites para momentos retrospectivos, como lembrar tempo de infância, juventude.

O encontro terapêutico é um processo onde o passado deixa de ser um dado histórico para ser uma construção subjetiva, na qual é possível reescrever e reinventar repetidamente cada história, tornando possível a construção de vínculos mais saudáveis e satisfatórios com outras pessoas. A história de um olhar A metodologia da psicologia sistêmica não pode ser passada como uma receita, pois depende muito da habilidade do profissional de articular o grupo, levantar questões válidas e, sobretudo saber que cada sistema é único. Circunspecto por pessoas únicas. Isto traz a precisão de conhecer sempre coisas novas, novas possibilidades, novas idéias, o que torna importância para estreitamento terapêutico visando abrigar todo este método.

O deslocamento do foco de atenção do intrapsíquico para o relacional no campo das práticas terapêuticas com seu papel social. Conceitos com práticas, terapias de grupo e psicodrama se esquematizam nessa época. 

O PSICOLOGO E O AMIGO

 




por Abilio Machado


Na delicada dança das relações humanas, um verso inesperado ecoa: "Muitas vezes não se quer um psicólogo, e sim um amigo." Essa frase, proferida com a leveza da verdade, carrega consigo o peso das experiências compartilhadas, das lágrimas represadas e dos segredos murmurados na escuridão da alma.


De um lado do espectro emocional, paira a figura do psicólogo, um profissional treinado nas artes sutis da mente. Ele é o guia habilidoso que desvenda os labirintos do ser, que lança pontes sobre os abismos do desconhecido. Sua presença é um farol de clareza em meio à neblina das confusões internas. Com técnicas refinadas e uma escuta compassiva, ele oferece um espaço seguro para a expressão das dores mais profundas, para a exploração dos cantos mais sombrios da psique. Suas ferramentas são afiadas como bisturis, capazes de dissecar os traumas, as neuroses e os padrões autodestrutivos que assombram o indivíduo.


Do outro lado da moeda relacional, surge o amigo, esse ser de carne e osso, permeado pelo calor humano e pela empatia genuína. Ele não possui um diploma em psicologia pendurado na parede, mas carrega consigo o título honroso de confidente, de ombro amigo, de companheiro de jornada. Sua presença é um bálsamo reconfortante nos momentos de aflição, um eco de risadas nos dias de bonança. Ele não tem técnicas especializadas para desvendar os enigmas da mente, mas oferece seu coração aberto e sua escuta atenta como antídotos para a solidão e o desespero.


Entre esses dois polos, há uma diferença crucial que define suas respectivas contribuições no universo do cuidado emocional. O psicólogo, além de oferecer apoio emocional, possui um arsenal de conhecimentos teóricos e práticos para ajudar na compreensão e na resolução dos conflitos internos. Ele é treinado para identificar padrões disfuncionais, para sugerir estratégias de enfrentamento e para acompanhar o processo de transformação pessoal de forma profissional e ética.


Já o amigo, embora possa não ter as mesmas habilidades técnicas, oferece um tipo único de suporte: o amor incondicional e a camaradagem. Ele não está preocupado em diagnosticar ou em prescrever tratamentos, mas em simplesmente estar presente, em compartilhar risos e lágrimas, em caminhar ao lado do outro nos altos e baixos da vida.


Portanto, quando a angústia aperta o peito e a solidão se faz presente, a escolha entre um psicólogo e um amigo não precisa ser excludente. Ambos têm seu lugar sagrado no vasto espectro das relações humanas. Um oferece as ferramentas da ciência e da técnica, enquanto o outro empresta seu coração e sua alma. E no encontro harmonioso desses dois mundos, encontramos o verdadeiro alívio para as dores da existência: um abraço afetuoso e uma escuta cuidadosa, unidos em uma dança de cura e compaixão.


Acho que o texto consegue equilibrar bem os dois aspectos. Ele destaca a importância tanto do profissionalismo do psicólogo quanto da camaradagem do amigo. Embora haja uma ênfase na distinção entre as habilidades técnicas do psicólogo e o suporte emocional do amigo, ambos são retratados como essenciais e complementares no cuidado emocional das pessoas. O texto reconhece a necessidade de ferramentas específicas para lidar com questões psicológicas, ao mesmo tempo em que valoriza o apoio emocional e o vínculo interpessoal proporcionado pela amizade.


Abilio Machado 

Psicoarteterapeuta ICH

Psicanalista 

Neuropsicopedagogo ICH

Arteeducador Cênico e Plástico 

Especialista no ensino de Artes e na Docência em Filosofia e Teologia 






sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Quando Olho, Sou Visto”

 


Quando Olho sou visto (Winnicott).

Ao nos depararmos com um novo texto, um novo conceito e/ou paradigma, uma nova obra de arte ou literatura - mergulhamos em um universo desconhecido, criado a partir das vivências, emoções e perspectivas de alguém, fora do nosso lugar, de nossa visão de homem e de mundo.


INTRODUÇÃO (quando olho)

No entanto, enquanto navegamos por essas águas, muitas vezes nos vemos refletidos nas linhas, nas cores e nas notas. É bem possível, igualmente, que nos encontremos nas linhas e entrelinhas, à semelhança de um espelho, o texto com seu pretexto, se nos revela e nos mostra quem somos.


Em nossa travessia pela vastidão da experiência humana, encontramo-nos constantemente confrontados por universos que não são nossos. Cada pintura, cada melodia, cada palavra impressa carrega o peso de uma alma que não é a nossa, de um mundo que nunca habitamos, de sonhos que nunca sonhamos. É o desafio do desconhecido, do estrangeiro, que nos convida a olhar além das fronteiras de nossa própria existência.


Quando nos deparamos com uma obra de arte, seja ela visual, literária ou musical, somos transportados para o reino da imaginação de outro ser humano. Nessa terra misteriosa, encontramos paisagens desconhecidas, emoções estranhas e pensamentos nunca antes concebidos. Winnicott, em sua máxima "Quando Olho, Sou Visto", revela a dualidade dessa experiência. Pois, ao observarmos, tornamo-nos simultaneamente observados. É uma dança entre o sujeito e o objeto, entre o conhecedor e o conhecido.


Mas o que é mais fascinante é a descoberta de que, mesmo nestas terras estrangeiras da mente de outro, encontramos reflexos de nós mesmos. As linhas de um poema, as pinceladas de um quadro, ou as notas de uma canção podem ressoar com os ecos de nossos próprios corações. E por quê?


Talvez porque, no cerne da experiência humana, há verdades universais. Há emoções que todos sentem, sonhos que todos compartilham e temores que todos enfrentam. E assim, quando mergulhamos na criação de outra pessoa, encontramos, muitas vezes, os mesmos sentimentos que habitam em nosso próprio ser.


O texto, com seu pretexto, é mais do que apenas uma coleção de palavras ou ideias. É uma janela para a alma, tanto do autor quanto do leitor. Entre as linhas, nos vemos refletidos, não apenas como indivíduos, mas como parte de um tecido maior da humanidade. E, à medida que nos reconhecemos no outro, começamos a entender mais profundamente o nosso próprio ser.


Nessa interação, há também um convite à humildade. Pois, ao reconhecermos a nós mesmos em terras estrangeiras, percebemos que, talvez, não sejamos tão diferentes assim. Que as barreiras que erigimos, as distinções que fazemos, são, muitas vezes, ilusórias.


Assim, cada obra de arte, cada texto, torna-se uma ponte. Uma ponte que nos conecta a outras almas, a outros mundos, e, mais profundamente, a nós mesmos. É um lembrete constante de que, mesmo em nossa singularidade, somos todos parte de um todo interconectado, eternamente refletindo e sendo refletido no grande espelho da existência humana.


Como disse Marcel Proust (quando olho)

(...) “A verdadeira viagem de descoberta não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos.” A arte, de certa forma, nos oferece esses "novos olhos", permitindo que enxerguemos aspectos nossos em contextos que jamais imaginávamos para além de nós próprios.


A experiência que tenho de consumir novas informações, elaborar novos conceitos a partir de obras artísticas não é apenas um ato passivo de recepção.


É um diálogo ativo. Ao interpretarmos uma cena de filme ou uma estrofe de um poema, estamos também interpretando a nós mesmos.


Em um mundo vasto e infinitamente complexo, estamos continuamente procurando significados, tentando entender nosso lugar na tapeçaria da existência. Como Proust tão eloquentemente expressou, a descoberta verdadeira não se baseia na exploração do novo, mas na reinterpretação do familiar através de uma perspectiva renovada. O mundo não muda; somos nós que mudamos nossa forma de vê-lo. E é aqui que a arte assume seu papel transcendental, sendo o veículo que nos proporciona "novos olhos".


A arte não é um mero passatempo ou uma simples distração; ela é uma ferramenta poderosa de introspecção e autoconhecimento. Ao nos apresentar uma obra, seja uma pintura renascentista, um filme contemporâneo, ou um verso de poesia antiga, somos transportados para uma dimensão onde o tempo, o espaço e a identidade fluem e se entrelaçam. Não estamos apenas consumindo a arte; estamos nos fundindo a ela, tornando-nos parte de sua narrativa.


Esse diálogo que estabelecemos com a arte é, em sua essência, uma conversa que temos com nós mesmos. Em cada pincelada que observamos, em cada nota que ouvimos, em cada palavra que lemos, confrontamos nossos próprios sentimentos, memórias, esperanças e temores. A arte é como um espelho que não reflete nossa imagem física, mas nosso eu mais profundo, nossas emoções e pensamentos mais íntimos.


E é essa introspecção que torna a experiência artística tão transformadora. Porque, ao interpretar uma obra, não estamos apenas decodificando a intenção do artista, mas também explorando os cantos mais obscuros e as alturas mais luminosas de nossa própria psique. A arte desafia, provoca e nos instiga a pensar. Ela nos tira da zona de conforto, desafia nossas crenças e nos faz questionar nossa percepção da realidade.


Talvez, a verdadeira magia da arte resida na sua capacidade de ser simultaneamente um espelho e uma janela. Ela nos mostra quem somos e, ao mesmo tempo, nos oferece vislumbres de mundos que nunca conhecemos, de sentimentos que nunca sentimos e de pensamentos que nunca pensamos. E, nesse processo, ao abraçar a arte, abraçamos a nós mesmos, aprendendo, crescendo e evoluindo.


Então, da próxima vez que nos encontrarmos diante de uma obra de arte, lembremo-nos de que ela é mais do que apenas tinta, tela ou palavra. É um convite à introspecção, um chamado para olhar o mundo e a nós mesmos com "novos olhos", e mergulhar nas profundezas inexploradas de nosso próprio ser.


Anaïs Nin pontuou (quando olho)

(...) bem quando disse: “Nós não vemos as coisas como elas são, vemos as coisas como nós somos.” Nesse sentido, cada novo texto, cada melodia, revela um pouco de quem somos e de como percebemos o mundo ao nosso redor, você já se deu conta desse ‘fenômeno”?!


Ao nos aventurarmos em novos territórios literários, artísticos, psicanalíticos - muitas vezes estamos, consciente ou inconscientemente, em busca de respostas ou de compreensão.


E mesmo quando pensamos estar apenas buscando entretenimento ou evasão, encontramos fragmentos de nós mesmos que nem sabíamos estar procurando.


Lembremo-nos daquela máxima - quando não sabemos a direção, corremos o risco de nos encontrarmos, em algum lugar… essa é uma boa provocação ao convite à leitura dos textos no blog da Instituto Brasileiro de Terapia Holística .



A observação profunda de Anaïs Nin nos oferece uma perspectiva desafiadora sobre a natureza da percepção. "Vemos as coisas como nós somos", e não necessariamente como elas existem em sua essência. Esta percepção sugere que toda a experiência é, em grande parte, um reflexo de nosso íntimo. Toda vez que entramos em contato com o externo, estamos, na realidade, projetando o interno. Somos a lente através da qual o universo é observado e interpretado.


No vasto reino da literatura, da música e da psicanálise" data-wpil-keyword-link="linked">psicanálise, navegamos entre palavras e sentimentos, entre acordes e reflexões, e em cada esquina, em cada página virada ou nota tocada, encontramos ecos de nosso ser. Cada texto, cada melodia, não é apenas uma apresentação de ideias ou emoções, mas um espelho que revela nossos próprios anseios, temores, paixões e questionamentos.


Por que somos tão atraídos por certos gêneros literários, certas melodias ou certos campos da psicanálise? Talvez seja porque eles ressoam com partes de nós que estão ocultas, esperando para serem descobertas e compreendidas. Em nossa jornada, frequentemente em busca de conhecimento ou distração, acabamos por descobrir fragmentos de nós mesmos em lugares inesperados.


E esta é a maravilha e o mistério da jornada humana. Muitas vezes, quando pensamos estar em busca de algo externo, estamos, na verdade, nos aventurando em um labirinto interno. Mesmo nos momentos de evasão ou busca de entretenimento, o universo tem uma maneira peculiar de nos mostrar que estamos sempre no caminho do autoconhecimento.


A máxima "quando não sabemos a direção, corremos o risco de nos encontrarmos, em algum lugar" é uma bela e poética forma de lembrar que, mesmo na incerteza, há uma oportunidade de descoberta. Muitas vezes, é no desconhecido que as mais profundas revelações sobre nós mesmos emergem.


O convite à leitura no blog da Instituto Brasileiro de Terapia Holística, ou qualquer outro canal de conhecimento, é mais do que uma simples solicitação para consumir informações. É um chamado para embarcar em uma odisséia de autoexploração, para abraçar a vulnerabilidade e se abrir para a magia de se descobrir.


A cada texto, a cada ideia compartilhada, há uma chance de ver o mundo e a nós mesmos sob uma nova luz, de enriquecer nossa compreensão e de nos conectarmos mais profundamente com nossa essência. Porque, no final, a verdadeira jornada é sempre para dentro.


Rainer Maria Rilke capturou (quando olho)

(...) essa ideia quando escreveu: “A única jornada é aquela dentro de nós.” Portanto - vale a pena o mergulho, em águas profundas… os textos, na modalidade de artigos - são contagiantes. ESCAFRANDE sua vida!


Ao mesmo tempo que um artigo pode parecer extremamente pessoal e único para o seu criador, ela carrega em si uma universalidade que permite que pessoas de diferentes contextos e realidades se vejam refletidas.


Isso porque as emoções humanas, os dilemas e os desejos são compartilhados em diferentes culturas e épocas. Esse fenômeno é o que permite que um “texto transcendente” tenha um apelo tão amplo e duradouro.


Rainer Maria Rilke, em sua sabedoria atemporal, reconheceu que as vastas paisagens que realmente importam não são aquelas que se estendem diante de nossos olhos, mas aquelas que residem nas profundezas de nossa alma. "A única jornada é aquela dentro de nós", ele disse, e essa jornada é tanto um desafio quanto uma dádiva. É a exploração destes territórios internos que nos conecta com a essência de nossa humanidade.


E como é fascinante, essa dialética entre o individual e o universal! Embora cada um de nós trilhe um caminho único, esculpido por experiências pessoais, memórias e sonhos, os artigos, como manifestações literárias, conseguem, de forma quase mágica, construir pontes entre mundos aparentemente distintos.


Eles são como faróis, iluminando os cantos escuros de nossa psique, convidando-nos a "ESCAFRANDAR" nossas vidas, a mergulhar profundamente e a descobrir verdades universais escondidas em nossas experiências singulares.


Este poder dos textos de transcender barreiras temporais e geográficas, de ressoar em corações e mentes através de gerações e culturas, é um testemunho da interconexão da experiência humana. Porque, no final, sob a superfície de nossas diferenças, há emoções comuns, questionamentos semelhantes e um anseio compartilhado por compreensão e conexão.


Cada artigo, com suas palavras cuidadosamente escolhidas e emoções intrincadamente tecidas, é uma tapeçaria de humanidade. Eles nos lembram que, embora a jornada possa ser solitária, nunca estamos realmente sozinhos em nossas buscas e questionamentos. A alegria, a tristeza, a esperança, o desespero - todas estas são emoções que cada ser humano, em algum momento, sente e entende.


Assim, ao nos perdermos em um texto, ao nos permitirmos ser levados por suas palavras e histórias, estamos, na verdade, nos encontrando. Estamos sendo lembrados de que nossos sentimentos, por mais particulares que pareçam, fazem parte de um todo maior. E é essa capacidade de se ver refletido, de reconhecer-se em outra pessoa, de sentir-se conectado a uma experiência ou emoção compartilhada, que torna a leitura tão poderosa e transformadora.


Por isso, permita-se mergulhar, permita-se explorar, permita-se ser tocado pelos textos. Porque, como Rilke tão sabiamente observou, a verdadeira viagem, aquela que realmente importa, não é aquela que fazemos pelo mundo exterior, mas aquela que fazemos pelo universo infinito dentro de nós.


Como T.S. Eliot observou (quando olho)

(...) “O que acontece é uma constante reavaliação do passado, e uma fusão do passado e do presente para formar algo novo.” Sim, é verdade!


A capacidade do artigo de nos revelar a nós mesmos reforça sua importância transcendental na experiência humana.


Não é apenas um veículo de expressão ou entretenimento, mas uma ferramenta poderosa para o autoconhecimento, para quem escreve e para quem se dirige.


Vamos abrir nossos corações e mentes para o novo, permitindo que o texto, a reflexão, o artigo façam seu trabalho mágico de iluminar as partes escondidas de nosso ser, ajudando-nos a compreender melhor a complexidade do que significa ser humano.


A observação profunda de T.S. Eliot nos remete à fluidez do tempo e à forma como nossa compreensão do passado é moldada e remodelada por nossa experiência presente. O passado, em sua eterna dança com o presente, não é uma entidade estática, mas um tecido vivo que respira, se transforma e, por sua vez, molda o presente. É como um rio, sempre em movimento, sempre em transformação.


Neste cenário de constante reavaliação, o artigo, com sua mágica capacidade de expressão, torna-se uma bússola. Ele não apenas relata e narra, mas também revela, tanto ao escritor quanto ao leitor. A escrita é um ato de coragem, um desvendar de camadas, uma exposição da alma. E, ao fazer isso, torna-se um espelho para o leitor, refletindo e iluminando cantos escondidos do ser.


A magia da literatura e do pensamento reside em sua capacidade de conectar, de criar pontes entre mundos aparentemente distintos. Quando nos deparamos com um texto, uma reflexão ou um artigo, não estamos apenas lendo palavras em uma página, mas sim embarcando em uma jornada de descoberta e introspecção. Estas palavras têm o poder de nos transportar, de nos fazer refletir sobre nossas próprias experiências, emoções e memórias.


E assim, quando olhamos para um texto, ele também nos olha de volta. "Quando olho, sou visto", esta bela noção encapsula a interação simbiótica entre o observador e o observado. Não somos meros espectadores passivos, mas sim participantes ativos, moldando e sendo moldados pela experiência de leitura.


Os espelhos da literatura refletem nossa alma, nossos anseios, nossas esperanças e temores. E, ao fazer isso, eles nos oferecem um vislumbre da vastidão e profundidade de nossa própria humanidade. Em sua reflexão, nos vemos como realmente somos: seres em constante evolução, influenciados pelo passado, moldando o presente e sonhando com o futuro.


Nossa subjetividade, essa essência intangível que nos define, se revela nas palavras, nas entrelinhas, nos sentimentos evocados por um artigo. Ela é uma lembrança de que, por trás das máscaras que usamos e das vidas que vivemos, há um universo inteiro de emoções, pensamentos e sonhos esperando para ser descoberto e compreendido.


Então, ao nos engajarmos ao diálogo com literatura, com a psicanálise e com as diversas terapias - e ao permitirmos que o pensamento se infiltre em nosso ser, estamos não apenas consumindo, mas também contribuindo para a tapeçaria sempre em evolução da experiência humana. E é essa interação, essa troca, essa dança entre o eu e o outro, que faz da leitura e da escrita uma das mais belas e enriquecedoras jornadas que podemos empreender.


Em conclusão (quando olho)

(...) o pensamento, usado como pretexto - Quando olho, sou visto"- encapsula a beleza e o mistério da relação entre o observador e o que lhe é dado aos olhares.


Em nossa busca constante por compreensão e conexão, encontramos, espelhos que refletem nossa alma e nosso ser - nos retrovisores, nossa subjetividade se nos revela - quem somos.



Por - João Barros – Psicanalista

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

O que é autocompaixão?!


 A autocompaixão é exatamente essa maneira de enxergar com gentileza, preocupação, apoio e de forma amável a si próprio, como você faria com um(a) amigo(a) em alguma dificuldade. 

É permitir-se e aceitar-se como se é, diminuindo, assim, as cobranças e críticas sobre você.


Vivemos em um mundo que exige que sejamos cada vez mais ativos em tudo a nossa volta. O tempo, a correria, a pressa, a sobrecarga, o excesso de coisas para realizar estão caminhando juntos e nos pressionando a fazer e a produzir, mais e sempre. Com isso, aprendemos a nos autocobrar de uma maneira injusta; com isso, almejamos ultrapassar nossos próprios limites. 

Mas será que isso é realmente saudável? 

E a resposta é: nem sempre.

Se isso te causa sofrimento, com certeza você pode ter ultrapassado demais seus limites, e isso te levará à sensação de estar perdido no processo. 

Diante desse cenário, dos excessos e da necessidade de agradar a tudo e todos, como podemos lidar com tudo isso? Vamos começar, então, a falar sobre autocompaixão, uma maneira diferente de olhar para si mesmo. 

Afinal, o que é autocompaixão?

  • Você já se sentiu comovido(a) com o sofrimento de uma pessoa que nem conhece?
  • Você já se sentiu disposto(a) a querer amenizar a dificuldade de algum familiar?
  • Você já se sentiu inclinado(a) a querer fazer mais do que poderia por alguém?

Se você respondeu Sim à maioria das perguntas, você tende a ser uma pessoa que demonstra compaixão. 

A autocompaixão é exatamente essa maneira de enxergar com gentileza, preocupação, apoio e de forma amável a si próprio, como você faria com um(a) amigo(a) em alguma dificuldade. É permitir-se e aceitar-se como se é, diminuindo, assim, as cobranças e críticas sobre você. 

Lidando com as expectativas

Todos nós temos diversas expectativas sobre praticamente tudo na vida. Porém, é exatamente quando se tem muitas expectativas que se corre o risco de obter várias frustrações. 

Podemos ter expectativas sobre os outros, sobre nós mesmos e sobre o futuro. É comum. A questão é que não temos controle sobre os outros e nem mesmo sobre o futuro. Só temos controle sobre nós e, ainda assim, precisamos tomar cuidado com o grau de expectativa que colocamos em nossas vidas. Isso pode gerar muita frustração. 

Faça a si mesmo as seguintes perguntas:

  • “Será que o que espero de mim é aquilo que realmente quero?”;
  • “Será que preciso atender as expectativas que as pessoas têm sobre mim?;
  • “Será que preciso cobrar-me tanto, e o tempo todo?”
  • “Será que vou que me frustrar se não conseguir realizar o que espero?”

Se você respondeu Não à maioria das questões, que bom, você consegue lidar bem com as expectativas. Mas não se culpe ou se sinta mal caso tenha respondido Sim à maioria delas. 

Lembre-se: tenha autocompaixão. 

Preparando-se para a autocompaixão

Primeiro, pense nas áreas de sua vida que você mais se cobra, mais se critica e mais se sente pressionado(a). Agora, escreve essas áreas da sua vida em folha de papel. 

Provavelmente você deve ter escrito áreas como família, amigos, trabalho, igreja, relacionamentos amorosos, dentre tantas outras possíveis. 

Que tal agora escrever as emoções que essas áreas causam na sua vida, sejam elas boas ou ruins. 

Provavelmente você percebeu um mix de emoções, estou certo? 

As emoções, sejam elas boas ou não, fazem parte da nossa vida. O problema é que tendemos a querer que as emoções ruins sumam ou desapareçam de nós como mágica e, infelizmente, não é bem assim que funciona. 

Somente quando aceitamos tudo o que sentimos, podemos então nos aceitar plenamente tal como realmente somos. 

Passos para se alcançar a autocompaixão 


  • Seja gentil com você. Da mesma maneira que você pode ser gentil com um estranho ou conhecido, pratique isso com você. Procure aceitar e compreender seus erros. 

  • Seja seu aliado.  Você já deve enfrentar muitos desafios em sua vida, não seja seu inimigo, seja seu maior aliado. 

  • Aceite aquilo que você senteBoas ou ruins, as emoções fazem parte de quem nós somos. Portanto, procure trabalhar ao lado delas, não contra elas.

  • Calibre sua autocobrança. Procure compreender até que ponto cobrar-se muito é saudável para você. Pode ter certeza, cobrar-se muito nunca é saudável. Então, tente encontrar um equilíbrio quando sentir que está em sofrimento, é exatamente nesse ponto que você deve recuar. 

  • Desenvolva seu amor próprio. Aprenda a amar-se mais, a gostar de você, de quem você realmente é. Coloque-se em primeiro lugar de vez em quando, isso é não ser egoísta, é amar a quem você é. Se sente que precisa mudar em algumas áreas, tudo bem, mas ame-se no processo de transformação. 

  • Estabeleça limites. Compreenda que todos temos limites e precisamos dele para sabermos quem somos e onde queremos chegar. 

  • Não viva para alcançar aprovação alheia. Entenda que sua vida não pode ser medida pelo olhar do outro, pela maneira como o outro quer que você seja. Você tem que ser você por você e não para agradar os outros. 

  • Não absorva tudo. Cuidado para não ser uma esponja emocional que absorve tudo a sua volta e se esquece no processo. Não viva para resolver os problemas dos outros, lembre-se de você. 

  • Escolha suas batalhas. Nem tudo precisa ser uma luta. Você não precisa sair por aí brigando com tudo e com todos. Procure olhar para dentro, você precisa mais de você do que imagina. Escolha as batalhas que vai se envolver. Muitas vezes saber quando se posicionar e saber quando recuar pode ser libertador.

  • Pensamentos Negativos. Cuidado com pensamentos negativos que você desenvolveu sobre si ao longo da vida. Eles podem estar errados. Como um investigador, confronte a verdade deles com a realidade. Lembre-se: pensamento não é fato. 

  • AutorresponsabilidadeSaiba que você é responsável por você e ninguém mais. Não transfira aos outros responsabilidades que são suas. A felicidade, a alegria e as realizações estão em suas mãos, não na dos outros. Então, procure aprender a lidar com suas escolhas e, assim, saberá administrar as consequências. 

  • Autorreflexão e Gratidão. Sabe aqueles momentos em que paramos para pensar na vida? Então, procure pensar no lado bom de sua vida, pense com carinho em tudo que você já fez por você, olhe-se com amor e gratidão. Parabenize-se. 

  • Autoimagem. Cuidado com a maneira que você se enxerga fisicamente. Procure identificar se você está se vendo pelo olhar dos outros ou pelo seu. Se perceber que seu olhar pode estar contaminado com fatores externos como mídia, expectativas alheias e frustrações, olhe novamente, mas com compaixão e aceitação.

  • Ame sua companhia. Ame estar com você mesmo(a). Sabe aqueles momentos que para muitas pessoas bate a solidão por estar sozinho(a), então, se você aprender a gostar de estar com você, pode ter certeza, nunca estará sozinho(a), pois irá sempre apreciar sua própria companhia e fará boas coisas com ela.  Não dependa do outro para se sentir amado(a). 

Por fim, não pense em fazer tudo ao mesmo tempo o tempo todo em sua vida. Tenha leveza e calma. Faça um pouco de cada vez e verá a diferença. Cuidado com a intensidade em tudo que faz.   

Se estiver com dificuldades para desenvolver essa autocompaixão, procure aderir a um processo de psicoterapia com um psicólogo.

Estou com agenda aberta para atendimento online te esperando, com compaixão e pronto a te ouvir e contribuir para seu bem-estar.





PSICÓLOGO AMGO OU AMIGO PSICÓLOGO

  Na delicada dança das relações humanas, um verso inesperado ecoa: "Muitas vezes não se quer um psicólogo, e sim um amigo." Essa...