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sábado, 28 de setembro de 2024

Convidado no Corpo que Habito

 


Convidado no Corpo que Habito

Há dias em que olho para o espelho e não reconheço o reflexo. Não é tanto pela aparência, essas rugas que o tempo traçou com precisão cirúrgica ou os cabelos brancos que se acumulam como neve no cume de uma montanha. O estranho está por dentro. Sinto-me um visitante no corpo que deveria ser meu. Aos 59 anos, parece que alguém trocou a chave da casa que sempre habitei.

A dor chegou há anos, sutil, como uma visita que não planejava ficar muito tempo. No começo, era só um incômodo nas juntas, uma rigidez pela manhã. "Coisas da idade", disseram os médicos, como se isso fosse uma sentença natural, esperada. Mas essa dor não era comum, não era só física. Ela começou a se espalhar, a enraizar-se nas fibras mais profundas de quem eu sou, fibromialgia, a possuidora de corpos, me tomou. E, aos poucos, percebi que não era mais eu quem habitava este corpo; era ela, a dor, que agora ditava as regras.

A depressão não veio como uma tempestade. Não foi uma crise súbita de tristeza. Foi como uma neblina, se acumulando devagar, escondendo o brilho das coisas. Primeiro, apagou o prazer das pequenas rotinas: o cheiro do café pela manhã, o som do jornal dobrando, os risos das crianças no parque, as brincadeiras dos cachorros no quintal, a luz do dia, o acordar, o levantar-se da cama, o de fazer alguma coisa como varrer a casa ou lavar a louça, é isso era a depressão se achegando sorrateiramente e tomando conta junto a aquela dores que revestiam todos os momentos. E assim foram, começaram a me tirar de cena. Eu me via, e me vejo ainda, de longe, como se fosse uma presença vazia, um espectador de minha própria vida.

O que sobrou foi um vazio vasto, um cansaço da alma. Não era apenas o corpo que doía; era a existência. A mente vagava, lenta e pesada, como quem carrega um fardo invisível. E então me dei conta: eu me tornei um estranho para mim mesmo. Como alguém que se perde em uma casa cheia de corredores e portas, sem encontrar a saída. Meu corpo, que sempre foi um abrigo, agora é uma prisão de carne e osso, e minha mente, refém de algo que não consigo nomear completamente.

A esperança, por vezes, vem tímida, como a luz da manhã rompendo entre as cortinas. Há momentos em que penso que pode haver uma saída, uma forma de me reconectar comigo mesmo, de fazer as pazes com esse corpo cansado e essa mente confusa. Mas esses momentos são fugazes, como sonhos que escapam da memória ao despertar.

As mãos, agora trêmulas, já foram firmes. Lembro-me dos dias em que construir algo com elas era um prazer. E hoje, quando olho para os objetos que criei — móveis, desenhos, telas, jóias, pequenos projetos que enchiam minhas tardes de sentido —, me pergunto se aquele homem ainda vive em algum lugar dentro de mim. Ele está lá, escondido, esperando a dor, a do corpo e a da Ama, dissipar para voltar à superfície?

A desesperança, essa sim, é persistente. Ela não se esconde como a esperança. Ela se senta comigo à mesa, me acompanha nas caminhadas lentas pelo quintal, a cada dia que tenho de comparecer ao hospital, ah sim, vou muito ao hospital, meu coração já todo remendado está a cada dia mais fraco, mais propenso a colapsar a qualquer instante . E ela me olha nos olhos quando estou deitado à noite, encarando o teto, esperando o sono que não chega. Dizem que a idade traz sabedoria, mas nunca falaram sobre essa sensação de que o futuro vai encolhendo, de que o tempo agora é mais um peso do que uma promessa.

E, no entanto, ainda há uma fagulha. A ideia de que, talvez, a vida ainda possa me surpreender. Que algum pequeno gesto — um sorriso de um estranho, uma música esquecida no rádio, uma flor que desabrocha no jardim — possa abrir uma fresta no escuro. Mas, por ora, sou apenas um convidado em mim mesmo, esperando, em silêncio, que a porta de casa se abra de novo. Que o corpo, esse corpo tão meu e tão distante, volte a ser abrigo, e que a dor e a solidão aceitem, finalmente, me deixar em paz.

Até lá, sigo sendo esse estranho, caminhando pelos corredores da minha própria vida, buscando, com a paciência que o tempo me ensinou, um lugar para sentar e descansar.

Página de meu diarioterapia de hoje, pois na recepção do SAM 07 do HC o rapaz que se despedia para alçar outros rumos, em estágio de direito, disse que eu era iluminado e que gostara de me conhecer, Dr. Giovane me apresentou a uma residente que não acreditava em Papai Noel e isso sempre me alegra, mostrar minha foto caracterizado e pedir segredo para que não contem a ninguém que estou ali disfarçado para sondar as Almas boas para um abençoado presente de Natal. Porém no ônibus, muitas pessoas e eu me encontrava sozinho, observando pessoas, suas falas, trejeitos, e eu só ali, só com minhas dores.


Abilio Machado

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Os Filhos do Quarto: O Impacto dos Dispositivos Eletrônicos na Vida dos Adolescentes

 


por Abilio Machado Psicoarteterapeuta


No mundo contemporâneo, testemunhamos uma mudança significativa na forma como os adolescentes interagem com o ambiente ao seu redor. A geração atual está crescendo em um cenário dominado por dispositivos eletrônicos, com a tecnologia desempenhando um papel cada vez mais proeminente em suas vidas. Um fenômeno que tem chamado a atenção dos pais e profissionais da saúde mental é o isolamento voluntário dos adolescentes em seus quartos, onde se entregam a celulares, tablets e jogos. Este artigo explora o impacto dessa tendência, que podemos chamar de "os filhos do quarto", na psique e nas relações interpessoais e individuais dos adolescentes.


A Fuga Digital

A tecnologia trouxe consigo inúmeras vantagens, incluindo o acesso a informações e a possibilidade de se conectar com pessoas de todo o mundo. No entanto, quando o uso dessas ferramentas se torna excessivo, pode criar uma desconexão com o mundo real. Os adolescentes de hoje frequentemente optam por se isolar em seus quartos, imersos em suas telas, em vez de interagir com a família ou amigos.


Os quartos que costumavam ser refúgios de descanso e privacidade agora se transformaram em santuários digitais. O acesso constante às redes sociais, jogos e conteúdo online proporciona uma fuga temporária da realidade, mas também leva a uma desconexão das emoções, das relações interpessoais e das atividades do mundo real.


Impacto na Psique

O uso excessivo de dispositivos eletrônicos, muitas vezes em detrimento de atividades físicas, sociais e criativas, tem implicações significativas para a saúde mental dos adolescentes. Entre os impactos mais preocupantes, estão:


1. Ansiedade e depressão: O constante contato com as redes sociais e a comparação com vidas aparentemente mais emocionantes de outros podem desencadear sentimentos de inadequação, alimentando a ansiedade e a depressão.

2. Problemas de sono: A exposição à luz azul das telas à noite pode afetar negativamente o sono, levando a distúrbios do sono e cansaço crônico.

3. Isolamento social: O isolamento físico resultante do tempo excessivo em quartos com dispositivos eletrônicos pode prejudicar as habilidades sociais, dificultando o estabelecimento de relações interpessoais saudáveis.

4. Problemas de concentração: A constante interrupção causada por notificações e a necessidade de multitarefa pode prejudicar a capacidade de concentração e o desempenho acadêmico.


Impacto nas Relações Interpessoais

O isolamento digital também tem implicações profundas nas relações familiares e de amizade. À medida que os adolescentes se retiram para seus quartos e dispositivos eletrônicos, a comunicação cara a cara diminui. Isso pode levar a mal-entendidos, conflitos e uma sensação de distância entre pais e filhos.


Além disso, as amizades podem ser afetadas, já que muitos adolescentes preferem se comunicar via mensagens de texto ou mídias sociais em vez de passar tempo juntos pessoalmente. Essa falta de contato físico e olho no olho pode dificultar o desenvolvimento de habilidades sociais importantes.


O Papel dos Pais e Profissionais de Saúde

Para lidar com "os filhos do quarto" e minimizar os impactos negativos dos dispositivos eletrônicos na vida dos adolescentes, é essencial que os pais desempenhem um papel ativo. Aqui estão algumas estratégias a serem consideradas:


Definir limites de tempo: Estabeleça regras para o uso de dispositivos eletrônicos e promova atividades familiares que não envolvam telas.


Comunique-se abertamente: Incentive a comunicação aberta com os adolescentes para que eles se sintam à vontade para compartilhar seus sentimentos e preocupações.


Exemplo: Os pais devem servir como modelos de comportamento saudável, equilibrando o uso de dispositivos com atividades offline.


Promova atividades offline: Incentive a participação em atividades esportivas, artísticas e culturais, que ajudam a construir habilidades sociais e emocionais.


Acompanhamento profissional: Se você perceber sinais de problemas emocionais ou comportamentais, busque a ajuda de um profissional de saúde mental.


A tendência dos "filhos do quarto" é um desafio contemporâneo para pais, educadores e profissionais de saúde mental. Embora a tecnologia seja uma parte inevitável da vida moderna, é crucial encontrar um equilíbrio saudável que promova o bem-estar emocional e as relações interpessoais dos adolescentes.

quinta-feira, 9 de junho de 2022

A depressão é uma doença séria...



A depressão é uma doença séria. Se estiver deprimido, pode ter sentimentos de tristeza extrema que duram longos períodos. Esses sentimentos são muitas vezes suficientemente severos para interferirem com a sua vida quotidiana, podendo durar não dias mas semanas ou até meses.
A depressão é uma doença comum. Cerca de 15% das pessoas terão uma depressão forte em algum período das suas vidas. A maioria dos 5.000 suicídios cometidos todos os anos no Reino Unido estão ligados à depressão.
A depressão é mais comum em mulheres do que em homens, mas isto poderá dever-se ao fato de ser mais provável as mulheres procurarem ajuda para os seus sintomas.
Esta doença pode desenvolver-se em qualquer idade, até em crianças.
A depressão afeta pessoas de formas diferentes e pode causar vários sintomas físicos, psicológicos (mentais) e sociais.

Psicoterapeuta Abilio Machado 


Alimentação x Depressão




Qual é a relação entre depressão e alimentação?

Geralmente, as pessoas não associam naturalmente a depressão e alimentação. 
O tratamento mais convencional inclui medicamentos e psicoterapia. Porém, estudos recentes têm apontado uma estreita relação entre o que comemos e nosso estado mental. 
Veja alguns exemplos!
Alimentos promotores do estresse e do humor
Uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha analisou os hábitos de 200 pessoas. Em 88% dos casos, a mudança na dieta ameniza sintomas de transtornos mentais como ataques de pânico, ansiedade e depressão.
A partir desse estudo, os pesquisadores classificaram os alimentos entre “promotores do estresse”, que pioram o funcionamento da mente, e “promotores do (bom) humor”, que melhoram nosso estado mental.
Porém, é importante destacar que os alimentos promotores do humor não são, necessariamente, aqueles que nos provocam imediatamente a sensação de bem-estar. Açúcar, cafeína, chocolate e álcool, por exemplo, que geralmente são usados para relaxar, proporcionar conforto ou aliviar os sintomas de TPM, são os principais promotores do estresse.
Já os alimentos promotores do humor são extremamente simples. Os pesquisadores conseguiram apurar que o consumo de água, verduras e frutas melhoram nosso estado mental e funcionamento do cérebro. Portanto, eles atuam como fatores importantes no combate à depressão.

Abilio Machado
Psicoarteterapeuta
SPECHT
Practicioner Qi Gong

quarta-feira, 27 de abril de 2022

A morte é inevitável...


 Se você está passando por alguma fase do luto, seja pela perda do que for, pois cada um sabe o quanto dói aquela perda, não passe isso sozinho(a) procure ajuda, sempre haverá um profissional disposto a ajudá-lo.

domingo, 18 de abril de 2021

A Depressão….

 



Como surge a depressão no indivíduo...

1 - Genético… se você já tem a predisposição a ter, quando os pais são depressivos, a família de convívio oferece ao seu sistema pessoal a um pré determinante sistema familiar doentio.

2 – Intoxicação… alimentar, drogas, excesso de medicação…

3 – História pessoal, seus traumas, pela experiência até mesmo cultural do seu primeiro sistema , a infância. ex.: se uma criança vê a violência dos pais, o abandono do lar pelos genitores, abuso físico, violência recorrente, violência sexual, com drogas etc… quanto mais pontos forem apresentados, mais grave é… e por pesquisa a ligação espiritual tem grande benefício no auxílio de sua recuperação.

Na depressão o indivíduo já está num sentido auto hipnótico, por que ela está a cada passo se auto ou retroalimentando pensamentos negativos, se auto sugestionando a limitar-se nas suas amarras de vida.

A psicoterapia SPEC - HT procura a ressignificar a maneira de olhar a estes expoentes, reconfigurando e reconsolidar sua memória, de acordo com o mundo que ela, paciente, apresentar. Ajuda a teu momento de decisão que pode acontecer dentro do processo terapêutico ou não. Buscar a melhor maneira de se comunicar consigo mesma.

Imagine que num momento de decisão você pode mudar de vida!

A hipnoterapia ira ajudar a reeducar a maneira de ver a Situação, com outro olhar, orientando novos Pensamentos sobre aqueles traumas que você é o portador da lente, então aprender o controle das Emoções diminuir este grau de sentimentos é fator predominante para que aja transformação nos Comportamentos, e como fazer isso, gerenciar Habilidades que o Terapeuta irá lhe ajudar, lhe empoderando de tais ferramentas.


Abilio Machado

Psicoterapeuta SPECHT

Massoterapeuta

QiGong


41 998451364

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Saúde mental é tema no ENEM

O tema da redação do ENEM foi "o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira". Comento a abordagem e os textos motivadores nesse vídeo. Já adianto: foi tudo excelente. Parabéns ao ENEM! por Psiquiatra Fernando Fernandes.


sábado, 12 de dezembro de 2020

O QUE É DISTIMIA?


A distimia, também conhecida como “doença do mau humor” ou “distúrbio distímico”, ou ainda, “uma forma menos óbvia da depressão”. É um transtorno de humor, um tipo de depressão, com durabilidade maior, que embora não muito conhecida, acomete milhões de pessoas em todo o mundo.


As pessoas com distimia demonstram ser geralmente mais irritadas, tristes e possuem pensamentos negativos constantes como: “nada vai dar certo”, “eu não vou conseguir”, “isso não vai funcionar”. Esse transtorno não tem uma cronologia certa em que pode se manifestar, podendo ser na infância e vida adulta. Há relatos de idosos, por exemplo, que conviveram com a distimia a vida toda e não sabiam. Embora a distimia e a depressão possam estar interligadas e, consequentemente, seus conceitos e características serem semelhantes, é importante ressaltar suas diferenças.
Distimia x Depressão

Não é muito complicado diferenciar esses dois transtornos, mas eles podem se confundir, principalmente pela durabilidade.

1. A depressão se instala de repente e ocorre em episódios. Sua forma mais severa, faz com que a pessoa se sinta impossibilitada de realizar suas tarefas diárias (como trabalhar, estudar, ir à academia e supermercado).

2. A distimia, por sua vez, é uma forma mais branda da depressão, mas sua intensidade é maior, ou seja, a pessoa apresenta sintomas de depressão leve que permanece, no mínimo, dois anos conseguintes.

Sendo assim, a principal diferença está na intensidade e permanência dos sintomas.

Além da irritabilidade, mau humor, tristeza e pensamentos negativos, a pessoa que tem distimia pode apresentar:
  1. Problemas com sono e apetite;
  2. Autoconfiança baixa;
  3. Abatimento;
  4. Falta de energia para agir;
  5. Isolamento das pessoas;
  6. Disposição ao uso de drogas (lícitas, ilícitas e medicamentosa).


A Evolução da distimia para a depressão

Contudo, faz-se necessário alertar que em 90% dos casos de distimia acontece a evolução para a depressão, isto é, ocorre a chamada depressão dupla, agravando os sintomas e a qualidade de vida do paciente. Sendo assim, estudos apontam que
a distimia costuma afetar três vezes mais o sexo feminino do que o masculino. É bom acrescentarmos também que cerca de 100 pacientes atendidos nos postos de saúde, 7 provavelmente têm esse transtorno.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 180 milhões de pessoas tenham distimia, sendo uma das doenças mais observadas na prática clínica nos EUA e Europa. Diagnosticar o quanto antes a distimia, por tanto, serve não somente para começar o tratamento correto, mas também amenizar o sofrimento que acomete não só a pessoa, mas aqueles que estão ao seu redor.

O tratamento existe. O mais eficiente se dá através da combinação de medicamentos e psicoterapia, apresentando excelentes resultados. O tratamento ajuda o paciente a aprender a enxergar novas possibilidades na sua vida e nos seus relacionamentos interpessoais.


fonte: psicoter

PSICÓLOGO AMGO OU AMIGO PSICÓLOGO

  Na delicada dança das relações humanas, um verso inesperado ecoa: "Muitas vezes não se quer um psicólogo, e sim um amigo." Essa...