domingo, 8 de junho de 2025

A Linguagem de Deus - Francis Collins (2007)

Exercício de resumo na formação de especialista em docência de filosofia e teologia...





Qual a línguagem de Deus?

Abilio Machado

Resumo

O livro de Collins pretende responder se é possível ou não a harmonia entre descobertas científicas e a existência de Deus. Ao avaliar essa questão, a Gênesis é questionada e, após análise teológica superficial, ele conclui que o relato inicial do primeiro livro da Bíblia é uma alegoria poética da criação. O capítulo sete é uma avaliação de duas posturas sobre a relação entre fé e ciência: ateísmo e agnosticismo.

No primeiro caso, o autor rebate as contradições levantadas por Richard Dawkins, professor de Oxford e autor de uma série de livros contra toda postura religiosa na sociedade moderna e na ciência. A resposta dada a Dawkins é que suas afirmações se baseiam no que as pessoas fazem da religião e não em sua essência propriamente dita: “É muito fácil para Dawkins atacar a caricatura da fé que ele nos apresenta, mas não se trata da fé real”.

Quanto ao agnosticismo, afirma o escritor: “Embora o agnosticismo seja uma posição cômoda para muitos, do ponto de vista intelectual ele transmite certa fragilidade. Será que iríamos respeitar alguém que insistisse em dizer que a idade do universo não pode ser conhecida nem parou para verificar as evidências?”. Mas, fingir que o problema não existe não significa resolvê-lo.

Nos capítulos oito e nove, Collins trata do criacionismo e do desígnio inteligente, mas não apoia nenhuma das duas posições. Sua objeção ao criacionismo prende-se à literalidade do Gênesis e sua falta de explicações para algumas evidências genéticas, apresentadas em seu livro, favoráveis à evolução. Diz ele: “Assim, de acordo com a lógica racional, o criacionismo da Terra Jovem chegou a um ponto de falência intelectual, tanto em sua ciência quanto em sua teologia. Sua insistência é, assim, um dos maiores enigmas e uma das maiores tragédias de nosso tempo. Ao atacar as bases de praticamente cada ramificação da ciência, ele amplia a ruptura entre as visões de mundo, científica e espiritual, justamente numa época em que se necessita desesperadamente de um caminho em direção à harmonia”.

A força de tal afirmação não condiz com a fraqueza dos argumentos, pois o melhor caminho para a harmonia não está em tornar o Gênesis uma representação poética já que, em termos de análise teológica completa, sua literalidade pode ser defendida. Explicar um fenômeno não implica falsidade de uma teoria, mas pode implicar compreensão incompleta. Há inúmeras situações para as quais a teoria da evolução não tem explicação completa, mas o cristianismo apresenta uma resposta cientificamente fundamentada. Exemplo disso é a explosão do Cambriano, que pode ser explicada por uma catástrofe global como o dilúvio bíblico.

Ao tratar do desígnio inteligente, sua atenção se concentra na ausência de previsões científicas dessa teoria e em “imperfeições” em determinados organismos humanos, como o dente siso, a coluna e o olho. Contudo, suas afirmações não explicam o processo ocorrido para atingir a formação de determinados organismos complexos, e ignora que vários órgãos considerados sem importância, as “imperfeições”, tiveram suas funções compreendidas.

No fim do livro, Collins propõe uma posição chamada por ele de “BioLogos”, na qual afirma a existência de Deus, mas Sua ação na criação e no desenvolvimento do universo ocorreu por meio de um processo lento, de bilhões de anos de auto-organização, com base na teoria do Big Bang e na teoria da evolução. Sua postura contrasta com a exigência de critérios e cientificidade apresentadas no livro, pois relega Deus a um papel secundário na criação.

Avaliação Crítica

Não se pode negar que Francis Collins seja um cientista de primeira linha. O fato de ter alcançado o posto de diretor do Projeto Genoma lhe deu muita visibilidade e certamente teve peso determinante nas vendagens de sua obra. Apesar disso, seu conceito de BioLogos não ganhou tanta aceitação e difusão como o Design Inteligente. Contudo, apesar de sua reputação como cientista, seus argumentos a favor da existência de Deus não vão muito além do que a teologia liberal havia colocado há mais de um século. Mas ele tem o mérito de não ser fundamentalista. Collins não quer usar a ciência para provar o Gênesis, reconhece a veridicidade e importância do evolucionismo como fundamento da ciência moderna, aceita os pressupostos do Big Bang, é arredio com relação a teorias pseudocientíficas como o Design Inteligente e não pretende transformar seu BioLogos em algo semelhante.

Contudo, não justifica sua afirmação de que o ateísmo é a menos racional das visões possíveis sobre o mundo e nesse ponto parece cair na mesma armadilha de qualquer cristão não cientista: o ateísmo tende a ser amoral, é perigoso e nega a “óbvia” existência de um criador. É redutivo e excessivamente sintético quando fala do agnosticismo, como se estivesse evitando escrever sobre as concepções pelas quais não têm empatia. No final, o que fica da leitura de sua obra é que ele sempre foi um homem profundamente religioso e, movido pela necessidade pessoal de encontrar um sentido para a existência fora das pesquisas de laboratório, fez um esforço hercúleo para conciliar seu teísmo com a ciência. Em toda a obra, apresenta basicamente duas evidências a favor da existência de Deus: a Lei Moral de C.S. Lewis e a crença espiritual presente em virtualmente todas as culturas. Para ele, essa é a linguagem de Deus, inscrita de forma sutil, mas indelével na genética humana, cujo mapeamento (genoma) ele ajudou a decifrar.

Sua tentativa de estabelecer um diálogo entre a religião e a ciência, em que a primeira não precisa invalidar a segunda quando se sente ameaçada por ela, é uma iniciativa elogiável. Collins pode não ter sido um ateu muito seguro na juventude, mas o fato de ter se afastado da religião por um tempo e escolhido uma carreira científica deixou marcas positivas. No fundo, seu Deus evolucionista também não deixa de ser um Deus de lacunas, e, como todos os deuses, foram criados por ele mesmo para suprir suas necessidades particulares. Collins é um religioso que atravessou muitos conflitos internos até escolher entre a fé o ceticismo, talvez por isso não se sinta bem em falar do ateísmo, mas precisou sufocar sua descrença para dar sentido à vivência de uma espiritualidade mística.

Aplicação Prática

Se houvesse apenas uma crença baseada em evidências, não existiriam as guerras religiosas, responsáveis pelas maiores atrocidades cometidas na historia da humanidade. Se todos pensassem da mesma forma, baseados em evidencias (o que seria ainda melhor, porque garantiria ao menos que esse pensamento estaria correto), não haveria discórdia. E um cientista dizendo que isso seria desinteressante é um argumento triste.

Acho engraçado dizer que Deus nos deu o livre arbítrio para acreditarmos no que quisermos, mas se não acreditarmos nele, então seremos punidos. Onde se aplica este livre arbítrio? E se Deus é o superior, sabe o quão “involuídos” espiritualmente nós somos e, por isso, olharia para nós com compreensão se decidíssemos não acreditar nele e não com sentimento de punição, mais uma vez, essencialmente humano.

Por todos esses motivos, não acredito no Deus, essencialmente humano, da bíblia, pois, as histórias lá contadas são fruto da imaginação ou da fraude de homens que precisavam de um argumento de poder para liderar, especialmente no velho testamento - não se pode simplesmente ignorar aquele Deus que agia como humano e dizer que no novo testamento, ele se redimiu e começou a pregar a bondade para com todos, além de seu povo. Se a bíblia fala de um Deus onipotente, então é nesse único soberano, essencialmente humano, em quem não acredito.

O que os cristãos não entendem é que não acreditar no Deus da bíblia, não me impede de acreditar, pois, posso acreditar na existência de um ser superior envolto de amor, que não seja o deus da bíblia. Seria um ser superior com uma genuína preocupação com um quase semelhante (em termos evolutivos) que eventualmente teria interesse em nos ajudar a passar por essa fase tão primitiva em que nos encontramos onde Ele já superou há muito tempo. Para mim esse seria o Deus mais lógico para qualquer cientista: uma criatura tão evoluída que para nós, pode ser designada como “Deus”, porém, que está de acordo com a ciência da evolução e com as observações empíricas que fazemos.

Porque não pode haver existência de algum tipo de vida após a morte, mas que continue evoluindo nos mesmos padrões que observamos no mundo físico? Se o bóson de higgs, descoberto recentemente, apresenta uma variante da teoria do surgimento do universo, indicando que ainda antes do big bang, houve uma outra fase de interação da matéria com o imaterial, porque o oposto não pode acontecer quando a nossa matéria morre e talvez ainda continue existindo algum tipo de matéria que nos caracterize? E que vai continuar seu caminho evolutivo ou não, da mesma forma que a matéria sem depender da interferência de um poder criador, mas de combinações de circunstâncias e eventos físicos (lembrando que a física teórica também se aplica à “imatéria”). Einstein já dizia que matéria e energia (imatéria) são intercambiáveis, então o que impede de descobrirmos que a matéria vira energia consciente após a morte?

Acho engraçado que quando se fala de Deus e religião, a fé não precisa ser provada e não pode ser questionada, mas quando a situação se inverte, os primeiros a exigirem provas são os exageradamente “crentes”. O autor diz que os milagres são raros, mas para quem acredita num Deus interventor, eles existem e para quem não acredita, eles podem ser explicados pelas leis da natureza e então o autor lança a pérola “pode, porém, esse ponto de vista ser totalmente confirmado?”, ou seja, se as leis da natureza não explicam tudo, só pode ser uma intervenção divina.

Mesmo que a ideia que você vai defender seja baseada em fé, os princípios dessa fé não podem se contradizer para ter sentido porque a questão é justamente que a lógica não pode ser afastada nem dos que alegam que a fé não precisa de provas, mesmo uma premissa que se afirme por si só (independente de provas) precisa seguir uma coerência lógica com o raciocínio que vier depois (seja qual for) e isso que muitos crentes não entendem embora o autor, em muitos trechos do livro tenha buscado essa coerência, rejeitando o criacionismo bíblico literal e outras teorias absurdas que tentam explicar a fé em deus interventor.

O autor ataca o ateísmo porque diz ser “uma posição logicamente indefensável”, mas quase defende o agnosticismo, por ser “compatível com a teoria da evolução e muitos biólogos se colocariam nesse campo”. Se o agnosticismo é compatível com a teoria da evolução, porque o cristianismo também seria? O problema é que ele se força a tomar uma posição frente os dados que temos hoje, o que pode levar a uma conclusão forçada por medo de ficar em cima do muro e vir a ser punido. Preciso discordar do seu comentário quando diz que “é raro ver um agnóstico que se empenhou em avaliar todas as evidências favoráveis e contrárias à existência de deus”.

Não acho justo encarar o agnosticismo como covardia. Se uma pessoa não considera suficientes nenhum dos argumentos apresentados, por que deve ser obrigada a escolher algum, ao invés de esperar pelo surgimento de outro melhor? A ciência e a própria filosofia humana progridem a cada dia e quem garante que no futuro não existirá uma explicação melhor e mais aceitável pra mim, do que as que existem hoje? Chamar agnosticismo de covardia é querer incutir na mente do outro as próprias convicções, típico da natureza do ser humano, mas inválido como argumento.

Enfim, a tentativa do Collins de harmonizar seu trabalho científico (de grande valor) à sua crença religiosa é falha, pois os maiores argumentos usados (lei moral do homem, universo vindo do nada e universo “certo” para o homem) já foram longamente refutados por vários pensadores. A verdade é que a crença no Deus da bíblia continua sendo uma escolha, que também não resiste a argumentos lógicos e comumente apela para a “fé cega”, que não precisa de provas. O que os crentes não entendem é que todo sistema de crenças (seja ele baseado em fé ou não) deve ter coerência em suas premissas, o que não acontece com a fé no deus da bíblia. Não é uma questão de impor a razão à fé, mas de pretender qualquer raciocínio lógico sobre as próprias premissas daquela fé. Os crentes têm dificuldade de entender isso, mas a verdade é que suas premissas são contraditórias por si mesmas independente da fé ser provada ou não.


Bibliografia

Collins, F. C. (2007). A Linguagem de Deus. Editora Gente.







Homem Não Chora – Mas E Se Der Vontade? - da Serie O Eu Psicanalista

 


Homem Não Chora – Mas E Se Der Vontade?

por Abilio Machado

Desde sempre, dizem que homem não chora. Mas quem foi que decidiu isso? Algum ancestral estoico, de sobrancelha franzida, que achou que lágrimas eram um sinal de fraqueza? Ou foi só um erro de comunicação que virou tradição?

A verdade é que, segundo a psicanálise, essa frase é um dos primeiros mandamentos da masculinidade imposta. Freud já dizia que reprimimos emoções para nos encaixar na sociedade, e nada é mais reprimido do que um homem segurando o choro no meio de um filme triste.

O menino cresce ouvindo que precisa ser forte, que não pode demonstrar fragilidade. Se cai da bicicleta, escuta um "levanta, engole o choro". Se perde no videogame, "não faz drama". Se o cachorro da infância morre, "seja forte". E assim, ele aprende que emoção é coisa de gente fraca.

Mas aí vem a adolescência, e com ela, a primeira desilusão amorosa. O coração partido, a playlist melancólica, o olhar perdido na chuva. E o que ele faz? Segura o choro. Porque homem não chora.

Na vida adulta, a pressão aumenta. Trabalho, contas, expectativas. O chefe grita, o trânsito infernal, o time perde a final. E ele segue firme, sem derramar uma lágrima. Mas o corpo não perdoa—vem a gastrite, a insônia, o estresse. Porque, segundo a psicanálise, o que não sai em lágrimas, sai em sintomas.

Até que um dia, sem aviso, ele se pega emocionado com um comercial de margarina. E aí, meu amigo, não tem volta. O choro vem, e vem forte. Porque a verdade é que homem chora sim—só que passou a vida inteira tentando esconder.

No fim das contas, talvez seja hora de atualizar essa frase. Que tal "Homem chora, e tudo bem"? Afinal, se até cebola faz chorar, por que um coração partido não poderia

sábado, 7 de junho de 2025

Relato do caso Joaquim (nome fictício)

 


Relato do caso Joaquim

“Era uma vez’ um jovem chamado Joaquim que tinha acabado de entrar em nova escola e estava começando a explorar sua sexualidade. Embora ele tivesse muitas perguntas sobre o assunto, ele sentia vergonha de falar sobre isso com seus amigos ou familiares. Em casa medo dos pais que buscavam sempre reafirmar a masculinidade, as palavras como homem não chora, seja macho guri, seja como seu pai, etc… A Igreja então, tinha medo de não o deixarem subir no altar dar seu testemunho e cantar no coral, disse: “Eu amo estes momentos de cantar, é onde me sinto realmente livre”. E na escola ele tinha acabado de conhecer Pedro com seus cabelos cacheados. Isso o estava abalando com falta de concentração e noies insones.

Ele foi empurrado a procurar ajuda profissional devido seus comportamentos pela orientação da escola num chamaento aos pais. E já nos primeiros passos apresentou suas queixas, queria entender melhor as emoções que estavam povoando seus pensamentos e sentimentos relacionados à sua sexualidade, principalmente porque não sabia o que era, usou palavras como não sei se sou viado, bicha, gay ou uma das letras que nascem a cada dia.



Joaquim foi atendido por um terapeuta especializado em psicologia da sexualidade, e outras, que lhe ensinou algumas coisas fundamentais sobre os aspectos biológicos, psicológicos e sociais do desenvolvimento da identidade sexual. Ele explicou como os fatores culturais influenciam nossas percepções sobre sexo, orientação sexual, gênero e expressão de gênero diferentes. Ele argumentou que a forma como nós interpretamos, expressamos e valorizamos o sexo está enraizada em nossas experiências passadas, e que muitas vezes esses fatores podem levar às inseguranças no presente.



Ele disse também que é importante entendermos como as expectativas sociais afetam a sexualidade de cada pessoa, pois elas desempenham um papel fundamental na formação da identidade individual. Por exemplo, os padrões culturais sobre o gênero são altamente influenciados por crenças religiosas e tradições familiares - algo totalmente fora do controle dessa pessoa individualmente. Nós precisamos ser compreensivos quando lidar com questões relacionadas à sexualidade para poder nos sentirmos confortáveis ​​com quem somos realmente.



Você também passa por isso? Que tal marcar um horário para conversar?

Estou a sua disposição.

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Abilio Machado

Psicoarteterapeuta – Psicanalista

Arteterapeuta Cênico e Plástico

Neuropsicopedagogo ICH

Docente em Artes, Filosofia e Teologia

quinta-feira, 5 de junho de 2025

O Centímetro Invisível

 


O Centímetro Invisível

Por Abilio Machado

Era uma vez um homem… que olhava para baixo e suspirava. Nada de errado com ele, aparentemente, exceto pelo fato de que aquele pensamento insistente o acompanhava como um fantasma desde a adolescência: “E se for pequeno demais?”

Freud, claro, teria muito a dizer sobre isso—afinal, o pênis não é apenas um órgão, mas um símbolo de potência, identidade, virilidade. Ou assim nos fizeram acreditar. E é aí que começa o problema.

Desde os primeiros comparativos nos vestiários da escola até as pesquisas frenéticas na internet, a busca pela validação gira em torno de centímetros que ninguém nunca mediu oficialmente, mas que definem silêncios constrangedores e sexos de luz apagada.

Na psicanálise, essa angústia não é apenas sobre o tamanho, mas sobre o olhar do outro. O superego, essa entidade cruel que internaliza as normas da sociedade, fica repetindo como um juiz severo: “Será que vou ser suficiente?”. A autoestima oscila entre a expectativa e a realidade, e muitas vezes a solução encontrada é fingir que nada está acontecendo—evitar a nudez pública, omitir detalhes nas conversas entre amigos, deixar o ambiente escuro e confiar que o mistério seja mais sedutor que a revelação.

No entanto, a verdade é que essa inquietação nunca foi sobre centímetros, mas sobre identidade. A masculinidade, tão vendida como uma questão de poder, acaba se confundindo com medidas físicas que, para muitos, definem seu próprio valor. Mas e se não definisse?

Afinal, quem realmente mede prazer com régua? Quem define potência por estatísticas? E quem, no final das contas, não se perde em suas próprias inseguranças, sejam elas sobre tamanho, forma ou desempenho?

Talvez fosse hora de revisar esses conceitos, abandonar os mitos, tirar a fita métrica do bolso e perceber que, no jogo dos desejos, os melhores centímetros são aqueles que ninguém calcula—mas que todos sentem.


A beleza da intenção: Uma reflexão sobre o pensamento de Henfil

 




O pensamento de Henfil, um dos mais célebres cartunistas brasileiros, nos oferece uma perspectiva única sobre a vida e a natureza. “Se não houver frutos, valeu a beleza das flores, se não houver flores, valeu a sombra das folhas, se não houver folhas, valeu a intenção da semente…” Esta frase, aparentemente simples, carrega em si uma profundidade que merece ser explorada.


A Beleza dos Frutos e Flores

A primeira parte do pensamento de Henfil fala sobre a beleza dos frutos e das flores. Em nossa vida, os frutos podem ser vistos como os resultados tangíveis de nossos esforços - um trabalho bem feito, um objetivo alcançado, um sonho realizado. As flores, por outro lado, podem ser vistas como as alegrias efêmeras e as belezas transitórias que encontramos ao longo do caminho. Ambos são importantes e têm seu valor.


A Sombra das Folhas

A segunda parte do pensamento nos leva a considerar a sombra das folhas. Mesmo quando não há flores ou frutos, a sombra das folhas oferece conforto e proteção. Na vida, isso pode ser comparado aos momentos de tranquilidade e paz que encontramos mesmo quando as coisas não estão indo como planejado. A sombra das folhas nos lembra que mesmo em tempos difíceis, há beleza e conforto a serem encontrados.


A Intenção da Semente

Finalmente, Henfil nos lembra que mesmo quando não há folhas, valeu a intenção da semente. A semente representa a esperança e a promessa de algo novo. Mesmo quando não vemos os resultados imediatos de nossos esforços, a intenção e a ação de plantar a semente têm valor. Isso nos lembra que o processo é tão importante quanto o produto final e que devemos valorizar nossas intenções e esforços, mesmo quando os resultados não são imediatamente aparentes.


Aplicar o pensamento de Henfil na vida diária pode ser feito de várias maneiras:


Valorize o Processo: Muitas vezes, estamos tão focados nos resultados que esquecemos de apreciar o processo. Lembre-se de que cada etapa do caminho tem seu próprio valor. Seja paciente e aprecie a jornada.

Celebre Pequenas Vitórias: Mesmo que você não esteja vendo os “frutos” de seus esforços agora, celebre as pequenas vitórias ao longo do caminho. Isso pode ser tão simples quanto reconhecer um bom dia de trabalho ou agradecer por um momento de paz e tranquilidade.

Mantenha a Esperança: Mesmo nos momentos mais difíceis, lembre-se da “intenção da semente”. Mantenha a esperança e continue trabalhando em direção aos seus objetivos, mesmo que os resultados não sejam imediatamente visíveis.

Pratique a Gratidão: Pratique a gratidão pelas “flores” e “folhas” em sua vida. Isso pode ajudar a cultivar uma atitude positiva e a apreciar as coisas boas que você já tem.

Seja Gentil Consigo Mesmo: Lembre-se de que está tudo bem se você não está vendo os frutos de seus esforços agora. Seja gentil consigo mesmo e reconheça que cada passo que você dá em direção aos seus objetivos é um progresso.

A beleza está em cada etapa da jornada, não apenas no destino final.


Conclusão

O pensamento de Henfil nos oferece uma bela metáfora para a vida. Nos lembra que há beleza e valor em todas as etapas do processo, desde a intenção da semente até a sombra das folhas e a beleza dos frutos e flores. Cada etapa tem seu valor e sua beleza, e todas são partes importantes da jornada da vida. Então, da próxima vez que você se sentir desanimado porque os “frutos” de seus esforços não são aparentes, lembre-se das palavras de Henfil e encontre conforto na sombra das folhas e na intenção da semente.

"Entendendo e Combatendo a Depressão: Um Guia Completo"

 




A depressão é uma realidade que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, mas compreender seus mecanismos e aprender a lidar com ela pode fazer toda a diferença. Neste guia completo, exploramos desde o conceito da depressão até as recomendações práticas para prevenção e tratamento.

No início, abordamos o que é a depressão, seus possíveis gatilhos e os sintomas que podem surgir. É fundamental reconhecer os sinais precoces e buscar ajuda quando necessário. Além disso, discutimos os diferentes níveis de intensidade da depressão e como ela pode se manifestar de formas variadas.

No decorrer do e-book, destacamos a importância de hábitos saudáveis, como uma alimentação balanceada, a prática de atividades físicas e o desenvolvimento de hobbies, como formas de prevenção e auxílio no combate à depressão. Essas práticas não apenas melhoram a qualidade de vida, mas também fortalecem a saúde mental.

Por fim, não poderíamos deixar de mencionar a importância da comunicação adequada com aqueles que enfrentam a depressão. Oferecer apoio, compreensão e evitar frases inadequadas são passos essenciais para auxiliar quem está passando por esse desafio.

Este guia foi elaborado com o intuito de fornecer informações valiosas e práticas para aqueles que buscam entender, reconhecer e buscar tratamento adequado para a depressão. Aproveite cada capítulo, absorva o conhecimento compartilhado e esteja sempre atento ao bem-estar mental, tanto o seu quanto o daqueles ao seu redor.

Juntos, podemos combater a depressão e promover uma vida mais saudável e equilibrada. Se você deseja saber mais sobre o assunto, não hesite em explorar o conteúdo completo deste e-book e buscar apoio profissional, se necessário. Lembre-se, a saúde mental é tão importante quanto a física.

Peça pelo e-mail profabiliomachado@gmail.com ou pelo WhatsApp 41 998451364 



Quais técnicas facilitam a 'autorização subjetiva'?

 a “autorização subjetiva” é um conceito crucial na clínica psicanalítica contemporânea, especialmente nos debates sobre gênero, nomeação e posição do sujeito frente ao desejo. Ele aparece com força na obra de Pedro Ambra, mas também em autores como Lacan, Christian Dunker, Marie-Christine Laznik e Judith Butler, sob diversas formas.

A seguir, exploro quais técnicas e posturas clínicas facilitam esse processo de autorização subjetiva, sempre com base no campo da psicanálise (sobretudo lacaniana ampliada e crítica).


🗝️ O que é “autorização subjetiva”?

A autorização subjetiva é o momento em que o sujeito assume responsabilidade simbólica pela posição que ocupa no desejo.
Ele deixa de esperar ser nomeado por outro (família, analista, sociedade) e se autoriza a existir por si mesmo, ainda que de modo inventivo ou não-normativo.

Exemplo:

  • Não é o analista que “diz” se alguém é homem, mulher ou trans.

  • O sujeito se nomeia, e o analista escuta sem corrigir — e ajuda a sustentar essa nomeação.


🧠 1. Acolhimento do dizer sem antecipar o sentido

Técnica:

📌 Suspender interpretações precipitadas.
📌 Permitir que o sujeito nomeie o que está em jogo sem se apressar em rotular (homossexualidade, psicose, perversão etc.).

Exemplo clínico: Um paciente diz “eu me vejo como mulher, mesmo tendo um corpo masculino”.
Resposta facilitadora:
“Você pode dizer mais sobre como essa imagem se constrói?”
(em vez de interpretar isso como “recusa do falo” ou “delírio de identificação”).


🧬 2. Trabalhar com o sinthoma como forma de saber inconsciente

Técnica:

📌 Lacan propõe que o sinthoma (forma singular de gozar) pode ser uma solução criativa do sujeito frente à impossibilidade de inscrição plena no Outro.

O analista ajuda o sujeito a sustentar seu sinthoma, em vez de dissolvê-lo, se ele lhe serve de estrutura.

💡 Isso vale especialmente em sujeitos trans: a transição pode ser um sinthoma de enodamento — um modo legítimo de inscrição simbólica.


🔍 3. Escuta da nomeação como ato performativo

Técnica:

📌 Quando o sujeito se nomeia (“sou travesti”, “sou homem trans”), o analista não deve corrigir, julgar ou interrogar a consistência dessa nomeação.
📌 A escuta é sustentadora, não questionadora.

O foco clínico se torna:
— “Como essa nomeação organiza sua posição no desejo?”
— “Isso alivia ou amplia o seu sofrimento?”

Essa abordagem retira o analista da posição de “garante da verdade do sujeito”.


🌐 4. Operar pelo corte simbólico, não pela norma moral

Técnica:

📌 A função do analista não é reeducar ou corrigir, mas provocar rupturas simbólicas que permitam o sujeito inventar seu lugar.

Isso inclui trabalhar o desejo como enigma:
— “O que é que você quer com esse corpo, esse nome, essa posição?”
— “É isso que você quer ser para o Outro?”


🪞 5. Respeitar o tempo lógico do sujeito

Técnica:

📌 Lacan propõe que as decisões subjetivas não surgem de convencimento, mas de um tempo lógico interno: instante de ver → tempo de compreender → momento de concluir.

O analista deve sustentar esse tempo, mesmo em casos em que o sujeito “vacila” na nomeação ou experimenta posições diversas.

Não se trata de acelerar o processo, mas de dar espaço para que a autorização emerja de forma própria.


💬 6. Valorizar a dimensão política e coletiva da nomeação

Técnica:

📌 Nomear-se não é apenas um ato interno — é um gesto social, que demanda reconhecimento pelo Outro (família, escola, sociedade).

O analista pode escutar:
— “Em que espaços essa nomeação é acolhida?”
— “Com quem você pode ser quem você é?”

Esse gesto reconhece que a subjetividade também se estrutura no laço social, como mostram autores como Judith Butler e Pedro Ambra.


Resumo das Técnicas Facilitadoras

TécnicaObjetivo clínicoFundamento teórico
Acolher o dizer sem antecipar sentidoEvitar rotulação e abrir espaço para nomeaçãoLacan (dizer), Butler (performatividade)
Trabalhar com o sintomaSustentar invenções subjetivas legítimasLacan (sinthoma, RSI)
Escutar a nomeação como atoValidar a nomeação como estrutura psíquicaAmbra (nomeação), Dunker (subjetivação)
Cortes simbólicos sem moralismoPermitir invenções fora da normaLacan (ato analítico)
Respeitar tempo lógico do sujeitoAcompanhar decisões éticas sem pressãoLacan (tempo lógico)
Considerar o laço socialReconhecer que identidade precisa de espaço no OutroButler (reconhecimento), Ambra

🔚 Conclusão clínica

A autorização subjetiva não é algo que o analista “dá”.
É algo que o sujeito conquista, e o analista sustenta, legitima e escuta, sem exigir normalizações.

É isso que transforma a clínica psicanalítica em um espaço verdadeiramente ético, político e emancipador — especialmente em tempos de crescente tensão em torno das identidades de gênero.

análise precipitada

A professora chama os pais com urgência para a escola.Os pais Perguntaram ao filho o que havia acontecido , o filho responde que a professo...